Blog do Flavio Gomes
Pequim 2008

BRASIL COM “R”

PEQUIM (touché!) – Ele era apenas um garotinho de 12 anos, aí um amigo convidou e ele topou. Foi conhecer a esgrima no Paulistano, aristocrático clube nos Jardins que um dia já me teve como sócio, vejam só, mas eu só ia lá para brincar de autorama, cortar o cabelo e comer feijoada. Achava todo […]

PEQUIM (touché!) – Ele era apenas um garotinho de 12 anos, aí um amigo convidou e ele topou. Foi conhecer a esgrima no Paulistano, aristocrático clube nos Jardins que um dia já me teve como sócio, vejam só, mas eu só ia lá para brincar de autorama, cortar o cabelo e comer feijoada. Achava todo mundo muito fresco. Pois é, quando eu tinha 12 anos, já achava um monte de gente fresca.

Mas não se trata aqui de destilar preconceitos bobos contra o Paulistano, clube de elite, sim, mas que presta ótimos serviços ao esporte brasileiro. A elite não é de todo má, afinal.

Bem, o outro garotinho de 12 anos é Renzo Pasquale Zeglio Agresta, o Brasil com “R” de nossa série olímpica, que daqui a 12 horas faz sua primeira luta em Pequim e me atendeu gentilmente pelo telefone agora há pouco para falar da vida de um espadachim. Sua Olimpíada começa e acaba amanhã. “É tudo num dia só”, avisa.

Renzo mora em Roma há três anos, para onde foi por conta da esgrima e dos estudos. Se formou em administração pela John Cabot University, me informa o guia do COB. Foi medalha de bronze no sabre no Pan do Rio, ano passado, e chega à sua segunda Olimpíada aos 23 anos. É corintiano, coitado. A foto que ilustra esta entrevista é de autoria de Rogério Albuquerque, e peguei emprestada deste álbum de ótima qualidade. Dado o crédito, merecidíssimo.

As cinco perguntas que eu tinha preparado, já que a idéia da série é essa, não foram suficientes. Acabei esticando um pouco. Não faz mal. Renzo é bom papo e a ele, como a todos, desejo sorte na estréia.

Como começou esse negócio de esgrima? No Brasil ninguém faz esgrima…

Foi um amigo que me convidou em 1997, no Paulistano. Eu sempre gostei de esporte. E acabei gostando muito da esgrima porque é uma modalidade que une o físico e o mental.

E o Brasil tem algum futuro na esgrima?

O nível das competições ainda é baixo, mas está melhorando, já conseguimos medalha em Pan e classificação para Olimpíada. Mas para melhorar ainda mais é preciso fazer muito intercâmbio e disputar competições internacionais. Essa foi uma das razões que me levaram a morar na Itália, um centro importante da esgrima na Europa. Mas hoje tem uns cinco ou seis lugares muito bons para praticar esgrima no Brasil. O Paulistano é um deles, o Pinheiros é outro.

A esgrima é um esporte de elite? Pouca gente pratica porque é caro?

Não, não é de elite. Existem muitos lugares para praticar e o material não é caro. E dura bastante tempo. Um sabre, por exemplo, custa entre 100 e 200 reais.

O preço de uma chuteira…

Menos. É mais barato que uma chuteira dessas novas, de marcas famosas.

Qual é o seu herói de capa e espada?

Puxa… Acho que nenhum.

Nem o Zorro, o Dartagnan?

Não, acho que nenhum, mesmo.

Bom, para terminar… Se você tivesse de escolher alguém no Brasil para dar uma espetada, em quem seria?

Rapaz, você vai ficar bravo se eu disser que não tem ninguém?

De jeito nenhum.

Então… Ninguém.