Blog do Flavio Gomes
Pequim 2008

DRAMALHÕES

PEQUIM (chororô) – Os jornais de hoje no Brasil, possivelmente, vão estampar em suas primeiras páginas fotos de Diego Hypólito atônito levando um tombo no final de sua apresentação — que de acordo com os especialistas vinha sendo muito boa até o último movimento. Diego chorou muito, disse que não tinha condições de falar com os […]

PEQUIM (chororô) – Os jornais de hoje no Brasil, possivelmente, vão estampar em suas primeiras páginas fotos de Diego Hypólito atônito levando um tombo no final de sua apresentação — que de acordo com os especialistas vinha sendo muito boa até o último movimento.

Diego chorou muito, disse que não tinha condições de falar com os jornalistas, voltou atrás, deu entrevistas e pediu desculpas ao povo brasileiro. Abro mão da minha parte, atleta nenhum precisa se desculpar comigo por não ganhar o que achava que ia ganhar. Faz parte do jogo, a medalha seria dele, não minha.

O que percebi, na verdade, é que os resultados em geral da ginástica foram bem ruins para a equipe brasileira. Nenhum dos candidatos a medalhas conseguiu nada. Jade Barbosa se sentiu aliviada porque “finalmente acabou”, não aguentava mais a pressão (enorme, ela será apedrejada quando chegar ao Brasil; esses atletas às vezes exageram, você conhece alguém que “pressionou” a pobre Jade?), Diego caiu sentado e disse que “não acreditava” e Daiane dos Santos, a única que, para mim, encara as coisas de um jeito mais realista, avisou que no fim do ano pára com a ginástica para voltar a estudar.

Com a saída daquele técnico ucraniano que inventou a ginástica no Brasil, receio que o “efeito Guga” pode se abater sobre a modalidade. Quando o Guga ganhava torneios por aí, todo mundo falava de tênis. Começou a perder, o tênis deixou de existir. É só ver onde está o Brasil na Davis. No caso da ginástica, viramos todos especialistas em duplo twist carpado — eu continuo sem ter a menor idéia do que seja isso — quando Daiane, com toda sua simpatia e graça, desandou a ganhar medalhas pelo mundo. Sem ela, e sem resultados, pode apostar: ninguém mais vai falar de duplo twist carpado, até aparecer algum novo fenômeno meio sem-querer.

Mas drama por drama, esqueçam o da ginástica brasileira. A China hoje está comovida com Liu Xiang, campeão olímpico e mundial dos 110 m com barreiras. Ao lado de Yao Ming, do basquete, parece ser o maior ídolo esportivo local. Era certeza de medalha, em outra das provas nobres do atletismo. Antes da sua primeira série classificatória, ele já parecia sentir uma contusão no tendão de Aquiles do pé direito, que o aflige há seis anos. Houve uma largada falsa. Da segunda, Xiang nem participou. Tirou o número da camiseta e desistiu, para comoção do país.

Espero que nem todos chorem. Se 1,3 bilhão de chineses começarem a chorar ao mesmo tempo, vai inundar estar merda toda.