PEQUIM (desliga tudo) – Não vou falar nenhuma novidade. A história da poluição em Pequim é crônica, mas só vendo, mesmo (tem mais fotos lá embaixo). Faz um calor dos diabos, a umidade é alta, o efeito estufa é aqui. A distância, o fumacê assusta. Coitados dos maratonistas.
O trânsito é como em Xangai. Um horror. Mas a tal da Faixa Olímpica ajuda. Ninguém invade. E carros credenciados andam sem grandes problemas. Nas outras faixas, o caos: buzinas, fechadas, olhares atravessados. Eles não se xingam, mas disparam mísseis com os olhos. Guiam mal pra cacete, em resumo.
A cidade está vestida de Olimpíada. Bandeiras, bandeirolas, faixas, galhardetes. Todos os postes enfeitados, os tapumes também. Legal. Mas este não é mais um país comunista, sorry. Falta o austero charme cinzento do comunismo. Tem Coca-Cola, KFC e McDonald’s. Tem Audi, Mercedes e Volks nas ruas. Nossa equipe inteira está hospedada num condomínio de prédios. Chiquérrimo. Se chama Palm Springs. Porra, Palm Springs é nome de condomínio na Flórida! Em Pequim? Fica em Chaoyang District. É perto das embaixadas, meio ocidentalizado. O prédio tem 31 andares. Quer dizer, um pouco menos. Não tem o 4, o 13, o 14 e o 24, chinês não gosta do número 4, então desconte quatro e chegamos a 27.
Estou num apartamentão no 15º andar com o Mendel, o Edu Elias e o Marcelo Duarte. O aparelho de ar-condicionado foi fabricado em Dallas, Texas. Os EUA compram de tudo daqui. Tudo. E vendem ar-condicionado.
Fomos a um supermercado na esquina. Comunismo de araque. De suco de milho, tem 15 marcas diferentes. Biscoitos dinamarqueses, café brasileiro, Red Bull, Rexona, Colgate.
Esqueci minha nécéssaire e tive de comprar tudo no supermercado. Me recusei a comprar pasta de dente Colgate. Mas a escova, não teve jeito. Comprei também uma saboneteira. Olha lá na foto. Um charme. À guisa de nécéssaire, estou usando uma bolsinha que o COB mandou para minha casa dentro de uma mochila que meu filho já tomou para ele. Ainda bem que isso não esqueci.
Mas quer saber o que me espantou, de verdade? As pernocas das chinesas. Ainda não fotografei, de vergolha, mas vou fotografar. Calorão danado, as chininhas não escondem nada, e me contaram que as orientais não têm celulite, e por isso elas mostram as pernocas, mesmo, com shortinhos minúsculos e minissaias que devem estar fazendo Mao, coitado, se revirar na tumba com sua túnica cinza.
Os Jogos ainda não começaram. Só amanhã, com o começo do torneio de futebol, que nem será em Pequim. Sexta tem a festa de abertura no Ninho do Pássaro. Falo dele daqui a pouco. Escrevo, neste instante, do IBC, International Broadcasting Center, onde ficam as TVs e rádios, embora minha credencial só dê acesso ao MPC, o Main Press Center, para imprensa escrita. O controle eletrônico dos passes, com revista e tudo, fica na entrada desse complexo de mídia. Driblei a segurança, como se vê. É porque sou baixinho, ninguém me vê.
