PEQUIM (never forget Beijing) – Faltam só três dias para acabar. Vou voltar com a sensação de que nada mais será igual. Tempo e distância fazem isso com a gente. Mas depois falo disso, ainda faltam três dias. Melhor esperar terminar tudo. Começo, meio, fim. Falta o fim.
Ao longo destes dias, que na minha escala de tempo foram algo como 5.000 anos, alguns personagens desfilaram por este blog. Vamos eleger o principal deles, então. São seis candidatos. E a blogaiada vai votando.
Depois dele, Michael Phelps, o peixe, que derrubou a marca histórica de sete medalhas de ouro de Mark Spitz em Munique/1972 até chegar a oito douradas, um fenômeno aquático e midiático, que será lembrado para sempre dentro daquele cubo azul. É o número 2 na nossa cédula eleitoral virtual.
O terceiro é chinês, Liu Xiang, grande esperança da nação vermelha nos 110 m com barreiras, que se machucou antes da largada e, primeiro, calou o Ninho; depois, inundou-o com as lágrimas de 1,3
E enquanto Fabiana se desesperava, perto dali, debaixo de uma cabana feita de toalhas brancas, se isolava do mundo Elena Isinbaeva, musa incomparável, esculpida por mãos sacras, uma mulher alada que conversa com o céu antes de saltar, e quando salta voa, flutua, e vai quebrando recordes e espalhando sua perfeição e seu sorriso para milhões de pessoas atônitas com tanta beleza. A russa, que tem um Lada cor-de-vinho (se não tem, dou um para ela) é a número 5 e penúltima personagem olímpica.
Por fim, o único que não disputou prova alguma, não quebrou recorde algum, não ganhou nenhuma medalha, não teve de justificar derrotas ou de se preocupar em como celebrar vitórias.
É o sábio dos sábios, aquele que passou as últimas semanas iluminando nossos obscuros e tortuosos caminhos com seus ensinamentos seculares de profundidade inquestionável, um sopro de lucidez e serenidade num mundo tão voraz e competitivo, que com sua voz suave e firme ao mesmo tempo nos fez refletir sobre a alma humana em sua essência.