Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

UMA CARA PARA AS MIL MILHAS

SÃO PAULO (tem jeito) – Quando Antonio Hermann pegou as Mil Milhas e jogou os valores lá no alto, achei que cometia um erro. Ele queria subir o nível da prova, subiu os preços. E fez uma “sucursal” das corridas de Porsche, Maserati e outras coisas chiques que já pipocavam por aqui. Só rico andava, […]

SÃO PAULO (tem jeito) – Quando Antonio Hermann pegou as Mil Milhas e jogou os valores lá no alto, achei que cometia um erro. Ele queria subir o nível da prova, subiu os preços. E fez uma “sucursal” das corridas de Porsche, Maserati e outras coisas chiques que já pipocavam por aqui. Só rico andava, com patrocínio de remédio. Aí veio a possibilidade de incluir a prova na Le Mans Series, e achei duca. Afinal, era a chance de ver uma corrida com protótipos e carros de verdade, top de linha, jamais esquecerei dos Peugeot rasgando a reta em Interlagos num silêncio ensurdecedor, como diria um cronista antigo.

Foi uma pena que o público não compareceu, mas isso é outra história.

A Le Mans Series não volta (vai correr na China) e Hermann está com um mico gigante nas mãos. O que fazer com as Mil Milhas? A idéia, agora, é chamar a turma da Grand Am. Não quero urubuzar ninguém, mas não vai dar certo. É caro demais, e desinteressante para quem corre nos EUA.

O que vai acontecer é que neste ano teremos de novo uma prova elitizada com as sobras de Porsche, Maserati e um ou outro carro bacana que virá de fora a preço de ouro. Além dos protótipos brasileiros que, desestimulados, farão figuração.

Assim, as Mil Milhas vão perdendo a cara de vez. Se vale a sugestão, e se Hermann quer fazer algo pelo automobilismo brasileiro, já que a CBA, as federações e os clubes não fazem, que tal formatar de vez essa prova para que ela seja uma autêntica corrida nacional, a maior de todas, desejada e esperada por meses a fio, como antigamente? Estimulando construtores de protótipos e preparadores de carros de turismo, estabelecendo rígidas normas técnicas para dar um salto de qualidade, procurando um bom patrocinador que possa dar um bom prêmio aos participantes?

Não sou a favor de dar dez passos a trás e abrir a corrida para um enxame de Gols bolinha, Corsas e Fiestas, mas pode ser um momento interessante para, por exemplo, chamar as montadoras instaladas aqui, que podem formar times de fábrica e contratar pilotos de bom nível. Mesclando uma turma forte com os “garagistas” de sempre, desde que atendam às exigências de uma prova séria e competitiva, pode-se ter uma corrida bem legal.

É o caso de se pensar. Mas Hermann sabe que tem de fazer isso sozinho. Se pedir ajuda dos poderes estabelecidos, não sai nada.