Blog do Flavio Gomes
Brasil

DINHEIRO FÁCIL

SÃO PAULO (assim até eu) – Imagine a seguinte situação. Você está duro, sem emprego. Monta uma associação. Qualquer uma, com um nome genérico. Associação Comercial Empresarial do Brasil, por exemplo. Com uma sigla bonitinha, ACEB. Coloca no ar um site. Enfia um grafismo com o desenho da bandeira do Brasil no logotipo e usa […]

SÃO PAULO (assim até eu) – Imagine a seguinte situação. Você está duro, sem emprego. Monta uma associação. Qualquer uma, com um nome genérico. Associação Comercial Empresarial do Brasil, por exemplo. Com uma sigla bonitinha, ACEB. Coloca no ar um site. Enfia um grafismo com o desenho da bandeira do Brasil no logotipo e usa uma fonte, assim, tipo da Caixa, no mesmo tom de azul. Dá um ar oficial, não dá?

Aí cria uns textos. Para colocar no site. Coisas assim como “nosso objetivo é promover ações em defesa dos interesses dos associados, perpetuar-se como órgão de representatividade diante classe empresarial sem restrições de tamanho, status, desempenho financeiro ou políticas. A Associação visa tornar-se uma porta de entrada e referência nacional, no que tange a área comercial e empresarial, com propostas que possam suprir as necessidades de seus associados em consultorias de diversos setores, entre eles marketing, recursos humanos, contabilidade, etc”. Quer dizer tudo e não quer dizer nada. Ninguém vai ler, mesmo.

Então, arruma um mailing comercial e empresarial. É a coisa mais fácil do mundo. Consegue milhares, milhões de razões sociais e endereços comerciais. Vai ao banco, abre uma conta e dispara, pelo sistema de cobrança, milhares, milhões de boletos no valor de R$ 259,80. Esse boleto vai chegar a milhares, milhões de empresas. Pequenas, grandes e médias. Nas pequenas, como a minha, alguém, como eu, abre os boletos e vê do que se trata. Não sou associado a associação nenhuma, não pago porra nenhuma e jogo no lixo. Mas em empresas médias e grandes, a correspondência é farta, são centenas de cartas por dia, e o boleto vai parar no departamento de contas a pagar, afinal é um boleto. Alguém pega aquilo, vê o vencimento, insere no “sistema” e no dia certo algumas centenas, ou milhares, entre os milhares ou milhões de destinatários, desta forma, pagam os R$ 259,80 sem saber direito do que se trata. E se associam a uma associação que nunca foi procurada pela empresa, e que nunca se apresentou para que a ela se associassem; simplesmente mandou um boleto e ficou esperando os incautos pagarem.

A isso se chama de picaretagem.