Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

POR QUE NÃO?

SÃO PAULO (começando o dia) – Engraçado, esse negócio de blog e Twitter. A gente fica algumas horas fora do ar, na “vida real”, e se sente na obrigação de dar explicações… Estamos todos ficando loucos, isso sim. Bom, hoje foi dia de gravar matéria para o “Limite” da semana que vem. Foi uma matéria […]

SÃO PAULO (começando o dia) – Engraçado, esse negócio de blog e Twitter. A gente fica algumas horas fora do ar, na “vida real”, e se sente na obrigação de dar explicações… Estamos todos ficando loucos, isso sim. Bom, hoje foi dia de gravar matéria para o “Limite” da semana que vem. Foi uma matéria meio caseira, porque gravamos na LF, a oficina da minha equipe na Classic Cup. É que na semana passada caiu no colo do Luis “Nenê” Finotti um Escort que correu na antiga Copa Shell de Marcas & Pilotos.

A foto ao lado foi devidamente “emprestada” do ótimo Blog do Sanco. É muito parecido com o carro que vamos mostrar na TV. São raras as referências na net a esses campeonatos. Pesquisas devem ser feitas em revistas de época ou na memória de quem corria.

Esse carro estava parado havia dez anos numa garagem. Tem uma etiqueta no santantônio mostrando que sua provável última corrida no Brasileiro foi disputada em Goiânia em 1993. Depois ele passou por algumas modificações e chegou a correr na Força Livre em SP, até ser aposentado de vez.

A Copa Shell, nome que o Brasileiro de Marcas ganhou a partir de 1987, chegou a ter 50 carros no grid no auge, em 1984, única temporada em que as quatro grandes montadoras instaladas aqui participaram oficialmente. Corriam Uno, Escort, Gol, Passat, Voyage, Apollo, Chevette, Oggi, muitos com apoio de fábrica. Os pilotos? Vamos lá, sem forçar muito: Ingo, Paulo Gomes, Mattheis, Serra, Giudice, Travaglini, Toninho da Matta, fora a numerosíssima turma do Sul — deixo para os blogueiros a tarefa de lembrar mais e mais nomes.

Os últimos anos da categoria, começo da década de 90, foram fracos, com cada vez menos gente no grid, apesar da frequente participação de pilotos locais quando as provas saíam do eixo Rio-SP. Foram momentos de glória em Tarumã, Guaporé, Goiânia, Cascavel, Curitiba, Brasília, Interlagos, Jacarepaguá…

O problema é que como sempre acontece no automobilismo brasileiro havia muitos interesses em jogo, os regulamentos viviam mudando, tinha muita roubalheira e reclamação, e aos poucos as montadoras foram perdendo o interesse por um campeonato que a CBA nunca conseguiu organizar direito, porque sempre foi ocupada por gente mal-preparada e pouco chegada na lisura.

Uma pena. O Brasil tem hoje, instaladas aqui, GM, Ford, Fiat, VW, Peugeot-Citroën, Renault, Toyota, Honda, e é incapaz de realizar um campeonato multimarca. Ficam as lembranças dos anos 80/90 e a memória silenciosa gravada no Escortinho que o Nenê encontrou.