Blog do Flavio Gomes
Stock Car

ESTOCADAS

SÃO PAULO (vai, Lusa!) – Não vi a prova da Stock hoje em Interlagos. Digo: vi apenas aquilo que a Globo mostrou. A saber: papagaiada sobre uma novela que terá um personagem-piloto, a explicação de que haveria uma largada falsa com o carro da novela, as primeiras voltas, e depois a parte final, quando o […]

SÃO PAULO (vai, Lusa!) – Não vi a prova da Stock hoje em Interlagos. Digo: vi apenas aquilo que a Globo mostrou. A saber: papagaiada sobre uma novela que terá um personagem-piloto, a explicação de que haveria uma largada falsa com o carro da novela, as primeiras voltas, e depois a parte final, quando o pneu de Cacá Bueno explodiu e ele já tinha sido ultrapassado por Max Wilson. Entre uma e outra parte, parece que passaram uma reportagem sobre exploradores de cavernas ou alpinistas heróicos e sofridos.

Cacá malhou a Goodyear, afirmando que seus pneus tinham problemas de fabricação. Tanto que o outro traseiro, segundo ele, também estava para estourar. Não citou a marca, ao menos nas entrevistas que vi e li, mas falou claramente em defeito de fabricação.

É difícil entrar nessa seara, porque eram 34 carros no grid e só os pneus dele e um de Thiago Camilo, salvo engano, tiveram problemas. Claro que o ideal é que nenhum estoure. Questão de segurança. Mas pode ter a ver com acerto de carro, com estilo de pilotagem, um monte de coisas. Falo apenas em teoria. Cacá é bom piloto e não tem histórico de judiar da borracha. O mesmo vale para Camilo.

Assim, a Goodyear que responda e, sobretudo, que analise o que aconteceu. Porque é perigoso demais pneu dechapar daquele jeito. Uma explicação se faz necessária.

Sobre a corrida, pouco a dizer, porque não vi quase nada. A Globo, afinal, não mostrou quase nada. Então, vamos à sessão de malhação do Judas. Que, no caso, não é só a emissora oficial. Escolher o que vai colocar no ar é prerrogativa dela. O problema é fazer chamada na linha “veja amanhã a Stock no Esporte Espetacular” e mostrar flashes superficiais e em tom infanto-juvenil. Um desrespeito ao público que gosta de corridas.

Mas a culpa disso tudo, no fundo, é da Stock e de seus marqueteiros da Vila Olímpia (atenção: é só uma expressão, piada interna, não precisam ficar ofendidos todos os marqueteiros que têm escritórios na Vila Olímpia!) que cuidam de pilotos e equipes dessa categoria que, para mim, é mequetrefe, fraca, desinteressante. Dessa gente que acha que anexar o carimbo “Globo” é suficiente para vender qualquer evento e arrancar dinheiro de incautos que aceitam empadinhas, bonés e camisetas como recompensa, em camarotes cafonas com TVs de plasma. Dessa gente que engana patrocinadores com a promessa da “transmissão pela Globo”, sabendo que é tudo cascata, omitindo aquilo que a emissora efetivamente promete mostrar ao longo da temporada.

Me digam: qual patrocinador de equipe/piloto teve retorno na Globo hoje, com aquelas migalhas de transmissão? Como é que a Caixa, um banco estatal, cola seu nome num campeonato desses, sabe-se lá a que preço? Sinceramente, não entendo.

Vivo dizendo que o meu igualmente mequetrefe Meianov tem mais visibilidade que qualquer carro da Stock que ande de terceiro para trás. Pelo menos aparece aqui, para 40 mil visitantes por dia, ou no Twitter, nas minhas palhaçadas para dez mil seguidores, ou no Grande Prêmio e suas seis milhões de páginas vistas por mês. E na Stock? O que pilotos e equipes dizem aos seus patrocinadores depois dessa papagaiada global? Como explicar que isso que foi feito é o que eles chamam de “transmissão da temporada pela Globo”? Porque essa é a expressão que consta em todos os projetos de patrocínios apresentados a empresas dispostas a torrar grana nessa coisa, e eles gastam, é isso que compram, e para mim são um bando de otários.