Blog do Flavio Gomes
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T

SÃO PAULO (dia longo) – A matéria que gravei hoje a tarde toda para o “Limite” vai novamente em duas partes para o ar, a primeira na próxima terça-feira. Fui conhecer uma coleção inacreditável de Ford T. Praticamente todos os modelos entre 1909 e 1927, último ano de produção do “Carro do Século”. Do século, […]

SÃO PAULO (dia longo) – A matéria que gravei hoje a tarde toda para o “Limite” vai novamente em duas partes para o ar, a primeira na próxima terça-feira. Fui conhecer uma coleção inacreditável de Ford T. Praticamente todos os modelos entre 1909 e 1927, último ano de produção do “Carro do Século”.

Do século, eleito que foi por especialistas alguns meses atrás, porque foi o T o primeiro carro fabricado em larga escala graças a uma linha de montagem inteligente e eficiente (diz a lenda que Henry Ford se inspirou no método de corte de carnes de um frigorífico); o primeiro carro realmente barato e acessível, feito para que todo mundo, inclusive os funcionários da empresa, pudesse comprar.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que o T ditou os caminhos da indústria automobilística para os 100 anos seguintes à sua criação. Porque muitas das ideias que Ford introduziu em seus processos de produção estão em prática até hoje nas fábricas de automóveis. Mas deixei um pouco essa história de lado para me concentrar mais nos detalhes dos carrinhos, para tentar mostrar como era o mundo dos motores a combustão há 100 anos, quando o planeta ainda se movia basicamente puxado por cavalos; como as pessoas aprendiam a dirigir de uma hora para outra a partir de livretos de instruções que recebiam quando compravam o carro, as funções dos pedais e das alavancas, a maneira de dar a partida, o funcionamento dos freios, os acabamentos internos, o uso de madeira, os faróis de carbureto…

É um universo amplo, e interessantíssimo, de história e tecnologia. A coleção está abrigada num antigo motel, isso mesmo, um motel desativado. Alguns quartos foram abertos e transformados num museu ainda particular. Pouquíssima gente fora do meio antigomobilista conhece esse acervo, que tem um valor inestimável — não estou falando de dinheiro, que isso não me importa a mínima, mas sim de história, história pura.

Creio que nem a Ford do Brasil sabe que esses carros existem e pertencem à mesma pessoa. Tomara que alguém da montadora veja a matéria quando for ao ar.