Blog do Flavio Gomes
Brasil

DUTRA, 60

SÃO PAULO (quantos e quantos…) – A Via Dutra completou ontem 60 anos. Foi inaugurada em 19 de janeiro de 1951 e nasceu como BR 2 (hoje é parte da BR 116, que corta o Brasil de Fortaleza a Jaguarão e leva vários nomes ao longo de sua extensão). Reduziu o tempo de viagem entre […]

SÃO PAULO (quantos e quantos…) – A Via Dutra completou ontem 60 anos. Foi inaugurada em 19 de janeiro de 1951 e nasceu como BR 2 (hoje é parte da BR 116, que corta o Brasil de Fortaleza a Jaguarão e leva vários nomes ao longo de sua extensão). Reduziu o tempo de viagem entre Rio e SP de dez para seis horas, segundo os relatos de época. Duvido que dava para fazer em seis horas com trechos ainda sem asfalto, mas vá lá.

É uma estrada importante e bela. Pena que as pessoas não notam muito a beleza das estradas. Em geral, querem chegar rápido aos seus destinos. Eu, normalmente, levo muito mais tempo para percorrer qualquer estrada do que a maioria dos mortais. Gosto de parar, tomar café, comprar besteiras nas lojas dos postos de gasolina, tirar fotos, às vezes. Aprecio as pontes, os viadutos, as fábricas instaladas às suas margens, o comércio de acostamento, as pequenas cidades cortadas pelo asfalto.

Adoro uma estrada. E a Dutra é daquelas velhas conhecidas, dos tempos em que morávamos no Rio e vínhamos a SP visitar a família sempre que um feriado permitia. Viajávamos, os três moleques, deitados na traseira da Belina, que meu pai abaixava o banco e montava três pequenas camas com cobertas e travesseiros no portamalas. O mais novo ia sempre no meio, eu numa janela, o mais velho na outra. Acho que hoje isso nem é permitido, sei lá. Mas foram dezenas de viagens assim, primeiro na Belina vermelha, depois na verde-maravilha cheia de decalques no vidro.

Paradas obrigatórias eram o Clube dos 500 e a fábrica da Ovomaltine, para tomar um leite gelado na beira da estrada. Nem sei se existe isso, ainda, creio que não. O Clube dos 500 está lá, com seus jardins de Burle Marx e quartos projetados por Niemeyer, em Guaratinguetá (essa foto aí no alto é de uma viagem há uns três anos, para um encontro de DKWs). O Graal comprou, acho. E eram quatro pedágios, disso lembro bem, a gente ia contando, quando chegava no quarto era sempre motivo de festa, estávamos quase em casa.

Imagino o que foi rasgar uma estrada dessas na década de 40. Uma obra e tanto. Hoje está privatizada, é da CCR, que é dona de tudo, os pedágios são bem caros, mas até que seu estado de conservação é bom, não há muito o que reclamar.

Quem for pegar a Dutra hoje, dá um abraço nela por mim.