Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

O FIM DO AUTOMÓVEL

SÃO PAULO (desisto) – Tudo bem, sou um chato de galochas. Velho, antiquado, gosto de coisas do passado, dos tempos em que as pessoas que curtiam velocidade e carros “envenenados” iam a autódromos, compravam revistas, colecionavam fotos de seus ídolos daqui e da Europa. Sou dos tempos em que pilotos sabiam pilotar, tempos em que […]

SÃO PAULO (desisto) – Tudo bem, sou um chato de galochas. Velho, antiquado, gosto de coisas do passado, dos tempos em que as pessoas que curtiam velocidade e carros “envenenados” iam a autódromos, compravam revistas, colecionavam fotos de seus ídolos daqui e da Europa. Sou dos tempos em que pilotos sabiam pilotar, tempos em que as equipes de garagem preparavam suas baratas para correr em Interlagos, disputar as Mil Milhas, viajar até Jacarepaguá, Tarumã, Cascavel…

É verdade que tinha coisa perigosa, e como tinha! Corrida de rua, por exemplo, era uma insanidade. Mas elas aconteciam daquele jeito mambembe muito mais porque o Brasil era um país primitivo, pastoril, do que por necessidade de exibição de virilidade dos participantes. Eram outros tempos, carro no Brasil era uma novidade absoluta. Lembremo-nos que o primeiro carro fabricado no país saiu da linha de montagem em 1956. O automobilismo “explodiu” nos anos 60. Esses tempos, das corridas de rua, eu nem peguei.

Tinha também o cirquinho do pessoal da Willys, que saía pelo interior para apresentações de seus carros de corrida nas ruas e praças, fazendo cavalos-de-pau e queimando pneus. Mas os pilotos eram Bird Clemente e Luiz Pereira Bueno, Chiquinho Lameirão e José Carlos Pace. E não se tem notícias de acidentes.

Os pilotos agora se chamam… Múcio Eustáquio, como esse do vídeo aí em cima, e deste aqui, pior ainda (veja só o final, o cara que filmou estava bem onde uma BMW sem capota pavorosa, escapou). Os carros são essas trapizongas deploráveis vistas no 7º Festival de Manobras de Formosa, em Goiás. Sétimo! E que cazzo vem a ser um festival de “manobras”? E como é que tem tanta gente vendo uma merda dessas?

É mais do que, somado, todo o público de oito anos dos nossos campeonatos de carros clássicos em Interlagos. Realmente, este planeta não me pertence.