Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

APAGUEM A LUZ

SÃO PAULO (parabéns aos envolvidos, de novo) – Em novembro do ano passado, os 500 Km de Interlagos quase não aconteceram, porque não tinha lugar nos boxes, o autódromo estava uma zona e tal. A corrida acabou sendo realizada, com poucos carros, e foi até boa. A diferença do primeiro para o segundo, depois de […]

SÃO PAULO (parabéns aos envolvidos, de novo) – Em novembro do ano passado, os 500 Km de Interlagos quase não aconteceram, porque não tinha lugar nos boxes, o autódromo estava uma zona e tal. A corrida acabou sendo realizada, com poucos carros, e foi até boa. A diferença do primeiro para o segundo, depois de 500 km, foi inferior a 1s. Mas muitos pilotos usaram a prova apenas como treino para outros campeonatos vindouros.

No começo deste ano, os 1000 Km de Interlagos foram cancelados. Não tinha gente interessada para correr, as inscrições eram altíssimas, foi um fiasco completo e absoluto. O que eu soube é que uma disputa entre promotores acabou minando a corrida.

Neste fim de semana deveria ter começado um campeonato de Endurance em Interlagos. A ideia original do promotor Toninho de Souza era de criar um torneio com etapas em São Paulo e no Paraná, usando provas regionais para compor um calendário nacional. Brasil Endurance Series seria o nome. Mas a CBA, pelo que soube, implicou com o uso de “Brasil” no nome. A CBA, zelosa dos pavilhões nacionais, diz que só ela pode usar “Brasil”. Ui.

Toninho, figura conhecida no meio, sujeito a críticas e elogios como qualquer um, tentou então fazer seu campeonato sem o “Brasil”, mas esbarrou em pressões feitas por gente da CBA junto ao pessoal do Paraná. Sem opções, montou um campeonato paulista com três provas de longa duração, as 300 Milhas de ontem, as Três Horas de Interlagos, em junho, e a Interlagos 500, em agosto.

Até quinta-feira, 21 carros estavam inscritos para as 300 Milhas. Carrões, essas Ferraris, Lambos, Porsches e Maseratis que andam correndo por aqui. Mais protótipos, carros de Turismo, uma certa variedade que essas competições de Endurance comportam.

Então, misteriosamente, os inscritos foram desistindo. Havia oito carros treinando na sexta, quatro no sábado e no domingo não tinha grid. Toninho, desesperado, juntou carros de várias categorias que estavam no autódromo e fez uma corrida em duas baterias de 30 minutos. Até os velhinhos da Clássicos de Competição (a Classic Cup “light”, com carros mais lentos e de preparação limitadíssima) entraram na onda.

Uma coisa melancólica, oito carros no grid, de chorar.

Alguém se esforçou para matar os 300 Km. O filho de Toninho acusa diretamente um certo Verruga, Vermuga, Beluga, não sei direito o nome dessa gente, da CBA. Dizem que é ele quem manda hoje em dia, e que o presidente Pinteiro (desse eu lembro o nome!) não apita nada. Não me preocupo com essas questões políticas porque a CBA é uma entidade inexistente, ridícula, patética, que assiste à morte lenta e gradual do automobilismo brasileiro há anos sem fazer nada de útil ou honesto em favor do esporte. Além do mais, está cheio de gente ligada ao automobilismo envolvida com sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e o escambau. Não é minha turma. Portanto, se o sabotador é o Verruga, o Salsicha, ou o Carpinteiro, a mim não importa. Não os conheço, com eles não tenho nenhuma relação, nem quero ter.

Importa constatar que os 1000 Km de janeiro, prova organizada pela maior federação do país, a paulista, não aconteceram; que as 300 Milhas viraram 300 segundos; que o autódromo mais importante do Brasil está largado, um lixo, perigoso e abandonado; e que promotores, dirigentes, donos de equipe e pilotos se afundam cada vez mais num pântano imundo e fedido.