Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

2002-2012

SÃO PAULO (não é que deu saudade?) – Me desculpe quem mandou o vídeo, deixei aberto no computador para ver no fim do dia e não sei se veio por e-mail, Twitter ou pingou em algum comentário aí embaixo. Mas isso não tem tanta importância, se aparecer o brother que mandou, identifique-se! São três vídeos, […]

SÃO PAULO (não é que deu saudade?) – Me desculpe quem mandou o vídeo, deixei aberto no computador para ver no fim do dia e não sei se veio por e-mail, Twitter ou pingou em algum comentário aí embaixo. Mas isso não tem tanta importância, se aparecer o brother que mandou, identifique-se!

São três vídeos, na verdade, e no total dá meia hora de um programa especial sobre a corrida de rua em Vitória na primeira temporada da F-Renault e da Copa Clio no Brasil. Eu comentei essa prova pela TV Bandeirantes, com narração de Luciano do Valle. Fiz quase toda a temporada, exceto as provas que batiam com a F-1.

Essa prova de rua foi um sucesso tremendo, com mais de 70 mil pessoas ao longo da pista. Teve muita pancada, também. Mas ninguém se machucou seriamente, que me lembre.

Os dois últimos vídeos são os melhores, com as corridas da Clio e da F-Renault. E é muito interessante dar uma passada de olhos na lista de pilotos que disputou aquela primeira temporada do Renault Speed Show, como se chamava a bagaça. O campeão foi Sergio Jimenez, que ficou com o título somando 144 pontos, contra 137 do vice Lucas di Grassi. Mas Jimenez não chegou a ganhar nenhuma corrida. Foram dez etapas, e duas em pistas de rua — a outra, em Florianópolis. Oito pilotos venceram provas. Lucas e Marcos Gomes foram os que ganharam duas vezes. Os demais: Igor Ciampi, André Prioste, Patrick Rocha, Lucas Schowambach (era um drama, para o Luciano, falar esse nome…), Allam Khodair e Renato Jader David.

Tinha gente boa naquele campeonato. Além dos citados, Gustavo Sondermann, Diego Freitas, Alan Hellmeister, Nelsinho Piquet (fez apenas uma prova, em Brasília, e ficou em terceiro), Daniel Serra, Fernando Rees, Julio Campos, Gustavo Foizer… Enfim, dos 28 que largaram em pelo menos uma etapa, dois chegaram à F-1: Nelsinho e Di Grassi. Não dá para reclamar. Se uma categoria de base consegue levar um ou dois pilotos à F-1 a cada três ou quatro anos, cumpre seu papel.

Na Clio, o campeão foi Luiz Carreira Jr., 10 pontos na frente de André Bragantini. Os grids eram fartos e os eventos, muito bem organizados. Com público. Tirando uma corrida ou outra (a primeira de Londrina, por exemplo, aconteceu no dia da final da Copa de 2002, entre Brasil e Alemanha), normalmente as arquibancadas estavam cheias, sem que fosse necessário distribuir milhares de convites a patrocinadores.

E querem saber? Foi a última coisa boa que se fez no automobilismo brasileiro, no conjunto da obra. Uma ótima categoria-escola de monopostos, atualizada com o que se tinha na Europa, e um belo campeonato de Turismo com carros de verdade populares, que as pessoas podiam comprar.

De lá para cá, corrida no Brasil virou evento corporativo, com carros caríssimos, zero de formação e eventos voltados para quem tem muito para gastar e pouco interesse no automobilismo como esporte. É hobby de gente rica e ótimo lugar para, hum, para dar um upgrade nas despesas das firmas, sabe como é? E do lado de fora, entre empadinhas e uisquinhos, faz-se um marketing de relacionamento aqui, calcula-se o valor agregado ali, bate-se um papinho sobre o share, a segmentação, o portfólio, trading, key account, planejamento diferenciado, migração de valor, essas coisas da Vila Olímpia.