Blog do Flavio Gomes
Arquitetura & urbanismo

HISTÓRIA NO LIXO

SÃO PAULO (exceções) – Abrindo um espacinho para o futebol, seara na qual raramente este blog se mete, porque é realmente triste o que conta o blogueiro Pedro Ivo, de Uberlândia. Leiam e vejam: Entro com frequência no seu blog e tenho acompanhado a série de camisas dos pequenos grandes clubes que você recebe, entre […]

SÃO PAULO (exceções) – Abrindo um espacinho para o futebol, seara na qual raramente este blog se mete, porque é realmente triste o que conta o blogueiro Pedro Ivo, de Uberlândia. Leiam e vejam:

Entro com frequência no seu blog e tenho acompanhado a série de camisas dos pequenos grandes clubes que você recebe, entre as quais algumas do Uberlândia, equipe da minha cidade.
Bom, como você dá uma atenção bacana aos times do interior, queria contar uma história sobre o Verdão que talvez não seja do seu conhecimento. O seu tradicional estádio, o Juca Ribeiro, nome do primeiro sócio e dirigente do clube, foi vendido para o grupo supermercadista Bretas, que não hesitou em derrubar boa parte do histórico caldeirão para construir mais uma loja na cidade. Sobrou muito pouco do lugar, e na minha opinião, era melhor que tudo tivesse ido abaixo. Após dois anos, foi a primeira vez que tive coragem de ir até lá. Uma terrível experiência, como já esperava. O campo, palco de muitos duelos regionais, hoje é um estacionamento. Ver parte das arquibancadas em pé e os tão sonhados refletores adquiridos após uma campanha que mobilizou toda a população iluminando carros é de partir o coração.

Não conheço detalhes das negociações entre UEC e a rede
Bretas, mas sei que muita gente, inclusive a Diocese de Uberlândia, levou dinheiro na jogada. O poder público como sempre, deve ter tido algum interesse nisso também, pois se lixou para a demolição. O Verdão, na mão de diretores e empresários com outras prioridades, está atolado em dívidas desde sempre, por isso deve ter aceitado qualquer trocado.

Quando ainda estava na faculdade (sou formado em publicidade, mas não sou da turma da Vila Olímpia), dediquei meu último ano a ajudar o Uberlândia.  Acompanhei uma
situação crítica na época: leilões de bens, corte de luz, telefone etc. Após analisar detalhadamente o cenário, criei propostas que tirariam o time do atoleiro. Eram medidas simples e que teriam grande efeito caso fossem implantadas de forma correta. A diretoria só precisaria entrar com uma coisa para e execução do plano: boa vontade. A resposta foi zero, nem na apresentação do trabalho eles compareceram.

Com a falta de ação, uma grande parte da história saiu de cena para dar lugar a um supermercado. Hoje, o Uberlândia manda os jogos no Parque do Sabiá, um imenso estádio criado na época da ditadura. Sem o caldeirão, a pequena e insistente torcida fica ainda menor num elefante branco pra 50 mil pessoas. A situação do time após o grande negócio? O mesmo lixo.
Sempre que posso, evito passar na porta do velho Juca. A pintura externa do estádio permanece, como uma espécie de provocação aos românticos, como gostam de dizer. Em pouco tempo e para o delírio de muitos, o único verde que estará na fachada será o da rede Bretas.

Em anexo eu lhe mando as fotos para que você possa ver. As imagens após a demolição são de minha autoria.

Aqui, um link para a notícia no jornal da cidade. Apenas uma pessoa comentou a notícia.

As fotos lá no alto dizem tudo. Sem mais.