Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

A PRIMEIRA

SÃO PAULO (alguma esperança) – Matheus Jacques tem 15 anos e corre na minha equipe. A gente não tem muito contato. Nenhum, na verdade. A LF hoje tem muito carro na Classic Cup, na Clássicos de Competição, no Marcas e na Fórmula Vee. Por isso, nosso box em fim de semana de corrida é uma […]

SÃO PAULO (alguma esperança) – Matheus Jacques tem 15 anos e corre na minha equipe. A gente não tem muito contato. Nenhum, na verdade. A LF hoje tem muito carro na Classic Cup, na Clássicos de Competição, no Marcas e na Fórmula Vee. Por isso, nosso box em fim de semana de corrida é uma Torre de Babel danada, gente para todos os lados, mecânicos, pilotos, parentes, amigos, alguns fãs (sim, temos), tudo funcionando sob a batuta do Nenê Finotti que, sabe-se lá como, encontra tempo para todos e mantém a serenidade o tempo inteiro. Sábado, notei a presença do Matheus quando estava no nosso reservado trocando de roupa, ou fazendo alguma coisa no computador. Novinho, magrinho, olhar meio tenso. Seno muito sincero, eu nem sabia que ele ia correr. Acho que trocamos um “oi”, nada mais.

Todo mundo aqui sabe que tenho sérias restrições à precocidade dos praticantes de esportes motorizados, pelo simples fato de que acho, na maioria das vezes, perigoso um garoto mal saído das fraldas sentar num carro ou numa moto de corrida. Mas o Matheus, pelo pouco que dele sei, tem uma trajetória no kart e optou pela F-Vee para dar continuidade à carreira. Não tem 8 ou 9 anos, como alguns que começam, por exemplo, no motociclismo. E os carrinhos da Vee não são exatamente bólidos que passam dos 200 km/h. Dentro do possível, são seguros e a chance de uma merda federal é infinitamente inferior à que oferece um potentíssimo F-3, por exemplo. São rápidos, mas controláveis. Já dei umas voltas com um desses e não tem muito segredo.

Sendo assim, não vejo grande mal num menino como o Matheus correr nessa categoria, especialmente porque já tem uma experiência razoável, treina, se prepara e tudo mais.

Bem, o garoto ganhou sua primeira corrida sábado e escreveu um lindo texto em seu blog, que pode ser lido aqui. Fiquei feliz de ver a paixão que ele tem pelo automobilismo. Algo que é cada vez mais raro na molecada. E, claro, fiquei contente pela LF, uma equipe onde a gente se sente verdadeiramente bem, à vontade, sem nenhum traço de desentendimento, vaidade, essas bobagens que muitas vezes contaminam ambientes esportivos.

Do blog do Mestre Joca emprestei a foto abaixo. O relato da corrida é dele. Parabéns ao Matheus. A experiência dele, de ganhar uma corrida, eu nunca tive — no kart, sim, mas em provas com amigos jornalistas, nada muito espetacular. Creio que nunca terei nas nossas corridas de verdade, o que também não tem muita importância.

Mas depois de ler esse texto, de um adolescente de 15 anos, vejam só, acho que posso imaginar como é.