Blog do Flavio Gomes
#96 pelo mundo

SÁBADO DE BIANCO

SÃO PAULO (valeu tudo) – Bem, hora de falar sobre nossa corrida de sábado, abertura da Classic Cup no Paulista. Como a petizada aqui já sabe, Meianov está em Moscou passando uma temporada num spa e corri com o carro emprestado pelo queridão João Peixoto, o valente Bianco “Gulf” que andou com o número 96 […]

SÃO PAULO (valeu tudo) – Bem, hora de falar sobre nossa corrida de sábado, abertura da Classic Cup no Paulista. Como a petizada aqui já sabe, Meianov está em Moscou passando uma temporada num spa e corri com o carro emprestado pelo queridão João Peixoto, o valente Bianco “Gulf” que andou com o número 96 para lembrar os bons tempos do meu DKW.

Não foi um fim de semana fácil. Nunca tinha guiado a barata peixotiana e nunca tinha andado com um carro realmente rápido da Classic em Interlagos. Desde 2003, meus parceiros sobre rodas foram um Belcar 1963 com motor 1.0 e um soviético 1.6 com aerodinâmica de máquina de lavar roupa. Minha única prova com algo próximo do que se usa hoje para andar lá na frente foi em 2008 em Londrina, com o Corcel Pac-Man. Cheguei em terceiro e não foi ruim, não.

O Bianco é um bom carro, um “kartão”, que na mão do Peixoto vira voltas na casa de 2min02s e 2min03s em Interlagos. Ele estava parado havia algum tempo, e quando peguei o bichinho na sexta, meus tempos foram baixando aos poucos até chegar a 2min06s5 no primeiro treino. No segundo, na hora do almoço, repeti a dose. Fiquei preocupado/chateado/decepcionado. Queria pelo menos chegar perto do que o Peixoto faz, mas não deu nem para sentir o gostinho. Voltei para casa me achando o pior dos pilotos — e talvez seja, mesmo.

Mas tudo bem. Sábado seria outro dia, era classificação e corrida pra valer, e virei a noite mentalizando o diabo da pista e o que fazer para baixar alguns segundinhos com um carro evidentemente melhor do que eu estava conseguindo fazer.

O problema de pegar um carro que você nunca guiou é que faltam referências para saber se tem algo de errado nele. Tirando uma certa falhação no motor, algo a que estou mais do que acostumado no Meianov, o resto me parecia OK. A classificação, no entanto, foi desastrosa. Depois de uma falha num acionamento do carburador, parei na terceira volta. Consegui arrastar o carro até os boxes, arrumaram rapidinho e o melhor que consegui foi uma volta patética em 2min08s436 no fim do treino. Na pole, festa do Mauro Kern: sua primeira com o Porsche #25, tempo de 2min00s832, apenas 0s008 à frente do Passat Monstruoso do Chambel. E eu com o Bianco em 16°, uma lástima.

Passei as três horas até a largada deprimido, mas fui à luta. Nem coloquei câmera no carro, porque não tinha onde fixar a dita cuja e eu estava sem muito saco para pensar nessas coisas. Larguei razoavelmente bem, fugindo de confusões para não acabar fazendo merda. Nas primeiras voltas, consegui me manter à frente do Chevette do Adriano Xupisco, e essas voltas estão nos primeiros 6min do vídeo abaixo.

Teve um safety-car logo no início depois que o Chambel bateu, e nas voltas seguintes à relargada o Xupisco me passou e não consegui buscá-lo. No fim, minha briga acabou sendo, a corrida toda depois da relargada, com o Passat #11 do José Lima. Um aprendizado e tanto, porque ele ficou grudado em mim o tempo inteiro. Cheguei em 11° na geral (quarto entre os sete carros da GTS), apenas 0s060 na frente do Passatão. A vitória foi do Maverick do André Carrillo, na geral. O resultado completo da prova está aqui.

Me diverti, não dá para negar. Mas fiquei meio intrigado com o Bianco. Na reta, meu motor 2.0 teria de abrir um monte do 1.6 do Passat, por pior que fosse o piloto — no caso, eu. Mas isso não aconteceu em nenhum momento. Na verdade, andamos colados o tempo todo, nas retas e no miolo, o que pode indicar algo no motor, algum cansaço, fadiga, carburação, sei lá. Repito: pode indicar; não quer dizer que houvesse alguma coisa errada com ele, nem com o carro, que é muito bom, completamente diferente de tudo que eu já tinha pilotado.

Minha melhor volta foi cronometrada em 2min06s311. Não é uma porcaria completa, mas está longe de ser uma maravilha. E muito distante do que esse carro vira em condições ideais, que não sei se eram as que encontrei neste fim de semana. O resultado é que perdi uma aposta para os dois chevetteiros (Xupisco e nosso presidente André Mello), mas não sei se vou pagar. Estamos estudando um recurso no STJD.

Quanto ao futuro, espero que o motor do Meianov esteja pronto para a próxima. Gosto do meu carrinho e estou com saudades dele, embora seja um veículo lento e esquisito. Já ao Peixoto e seu Bianco, tenho apenas palavras de gratidão. O carrinho me tratou bem e fiz o melhor que pude. Não foi claramente o bastante. Eu pensava que conseguiria chegar entre os cinco ou seis primeiros na geral. Não cheguei nem perto.