Blog do Flavio Gomes
Gomes

DE VOLTA À LATINHA

SÃO PAULO (portanto, cama) – Tenho 33 anos de carreira como jornalista. Destes, trabalhei 21 em rádio. De 1984 a 1986, na Cultura AM e na USP FM. De 1994 a 2001, na Jovem Pan. De 2002 a 2005, na Bandeirantes. De 2007 a 2013, na Estadão-ESPN. Isso sem falar dos tempos em que era […]

SÃO PAULO (portanto, cama) – Tenho 33 anos de carreira como jornalista. Destes, trabalhei 21 em rádio. De 1984 a 1986, na Cultura AM e na USP FM. De 1994 a 2001, na Jovem Pan. De 2002 a 2005, na Bandeirantes. De 2007 a 2013, na Estadão-ESPN. Isso sem falar dos tempos em que era correspondente da Capital de Roma e da querida Colonial FM, potência das cidades históricas de Minas.

Fazer rádio é uma delícia. É a forma mais pura de se comunicar, usando apenas aquilo que nos diferencia das ostras e dos gnus: nossa capacidade de falar, de verbalizar acontecimentos, sensações, emoções, sentimentos. A gente fala e tenta contar alguma coisa para quem está ouvindo. Sem imagem, foto, arte computadorizada, gráfico, vídeo, cheiro, tato. A gente fale e do outro lado alguém escuta. O jeito mais antigo de dois seres humanos se comunicarem.

Bom, fiquei dois anos longe do rádio. Amanhã volto.

De segunda a sexta, das 6h30 às 8h (sim, da manhã, se fosse de noite eu escreveria das 18h30 às 20h), passo a apresentar na Rede Transamérica (aqui em São Paulo é 100.1 MHz no FM) o programa “Esporte de Primeira”.

A equipe de esportes da Transamérica, comandada por Eder Luiz, é hoje a maior do Brasil — uma mistura interessantíssima de gerações que leva todos os dias ao ar nada menos do que oito horas de esporte. Vou trabalhar com gente muito boa, muitos deles meus ídolos de infância e adolescência — Juarez Suares, Silvio Luiz, Roberto Carmona são alguns deles.

Conheci o Eder em 1989 em Milão. Ele narrava as corridas de F-1 pela Rádio Bandeirantes, fazendo dupla com Edgard Mello Filho. Eu estava começando a cobrir os GPs pela “Folha”. Me acharam em Milano Centrale, a principal estação de trem da cidade, na fila para reservar um quartinho de hotel. Na mesma fila também estava o Lemyr Martins, da “Quatro Rodas”, com quem eles iriam se encontrar.

No fim, sem conseguir um quarto e sem ter tido tempo sequer de ir ao autódromo, peguei carona com o trio — Eder, Lemyr e Edgard — até a Piazza Cordusio, a alguns quilômetros dali, onde havia uma agência dos correios com uma máquina de telex funcionando para que eu pudesse mandar meus textos do dia, uma quinta-feira, para o jornal. Lembro até da matéria que inventei. Alguma coisa sobre a torcida italiana apoiar Prost contra Senna naquele fim de semana em Monza, porque já tinham anunciado que ele iria correr na Ferrari na temporada seguinte.

Passaram-se 26 anos daquele encontro em Milão em setembro de 1989. Nos tornamos amigos, mas depois que o Eder deixou a F-1 perdemos um pouco o contato. No começo deste ano, nos falamos por telefone. “Flavinho, a gente tem de trabalhar juntos”, ele decidiu.

Se decidiu, está decidido. A partir de amanhã, portanto, a ideia é acordar São Paulo falando de esportes e do que mais me der na telha. Continuo na Fox, claro, seguimos igualmente com o Grande Prêmio (que terá novidades neste mês) e com o que mais for preciso fazer.

Estava com saudades da latinha — que é como a gente costuma se referir ao velho e bom microfone. Portanto, nos vemos (e ouvimos) amanhã.