Blog do Flavio Gomes
Gomes

E assim virei repórter (e hoje é meu dia)

SÃO PAULO (um planeta diário) – Hoje, dia 16, é Dia do Repórter. Eu não sabia, nunca sei direito essas datas, mas é um pouco meu dia, afinal. É gozado lembrar por que me tornei este jornalista mambembe. Nenhuma vocação especial, nada de muito extraordinário. Tinha sete ou oito anos, morava no Rio, e minha […]

SÃO PAULO (um planeta diário) – Hoje, dia 16, é Dia do Repórter. Eu não sabia, nunca sei direito essas datas, mas é um pouco meu dia, afinal.

É gozado lembrar por que me tornei este jornalista mambembe. Nenhuma vocação especial, nada de muito extraordinário. Tinha sete ou oito anos, morava no Rio, e minha mãe comprou um desses jogos de tabuleiro cujo nome não lembro, na linha Banco Imobiliário, Detetive, essas coisas.

A gente jogava os dados e os pininhos eram repórteres, que tinham de se deslocar até um incêndio, um crime, um acidente de automóvel. Quem cumprisse todas as “pautas” primeiro ganhava. Lembro que as imagens no tabuleiro me fascinavam, especialmente o sujeito com chapéu escrito “Press” e máquina fotográfica pendurada no pescoço. É isso que eu quero ser, pensava.

Gozado que nem sei se esse jogo de fato existiu ou é apenas fruto de algum delírio infantil, mas me vejo jogando com minha mãe no chão de tacos de nosso apartamento no Rio com muita clareza. Eu morava em Copacabana, rua General Barbosa Lima, não lembro o número, mas sei onde fica o prédio. Apartamento 201 (no Rio, os apartamentos são sempre numerados, ou eram, com três casas; aqui em SP, com duas, exceto do décimo para cima, evidentemente), a gente morava em cima do apartamento do Sérgio Cabral. Seu filho, o Serginho, virou político. Ele tinha uma irmã linda, e lembro também que o Serginho me espantava porque fumava escondido lá embaixo. E a gente não tinha nem dez anos. Eu colecionava maços e caixinhas de cigarros que encontrava na praia, muitos estrangeiros, e um dia cheguei a fumar um cigarro apagado escondido, só para sentir o cheiro do tabaco. Foi a maior transgressão que cometi até hoje.

Doces lembranças. Foi aquele jogo de tabuleiro que fez de mim um repórter. Um mau repórter, mas ainda assim um repórter. Dá para dizer que ao menos um sonho de criança realizei.