Blog do Flavio Gomes
Gomes

Sete de abril

SÃO PAULO (hello darkness, my old friend) – Sete de abril. Recebo um e-mail sei lá de quem me informando que hoje é Dia do Jornalista. Outro dia foi Dia do Repórter. Não sabia que tinha tantos dias dedicados a mim. Somando com o Dia dos Pais e meu aniversário, já são quatro por ano. […]

SÃO PAULO (hello darkness, my old friend) – Sete de abril. Recebo um e-mail sei lá de quem me informando que hoje é Dia do Jornalista.

Outro dia foi Dia do Repórter. Não sabia que tinha tantos dias dedicados a mim. Somando com o Dia dos Pais e meu aniversário, já são quatro por ano. Mais de 1%. Não mereço tanto.

Dia do jornalista. Pergunto-me: o que fiz nesses últimos 24 anos que me levem a acreditar que um dia inteiro deva ser dedicado ao que faço? O que construí, o que produzi, o que vou deixar?

Vivo da palavra. Que, na prática, é o bem mais importante e rico da espécie humana. Só não sou um chimpanzé porque sei falar e escrever. Poderia ter nascido uma minhoca, ou um colibri. Mas não, nasci Homo sapiens, aquele que sabe, que fala, escreve, traduz o mundo em linguagem.

Vivo da palavra, mas na prática nada sou, porque palavra vale pouco, é banal e vaga. É nosso maior bem, mas não se compara a um helicóptero ou a uma TV de plasma. Eis no que se transformou nossa espécie: aquela que despreza seu maior dom, sua dádiva, que hoje só serve para traduzir o que se tem, e o que se tem é o que conta. Como não tenho TV de plasma, nada sou.

Fui escolher viver da palavra. É uma escolha nobre. Mas faz de mim um nada. Mas nela seguirei. No princípio, era o Verbo.

Não vou escrever porra nenhuma hoje, queria mesmo é ser um colibri.