SÃO PAULO (pensando bem, é bela) – Paulo Mendes da Rocha acaba de ganhar o Pritzker, o maior prêmio mundial de arquitetura, feito que só havia sido conseguido por um brasileiro, antes, com Oscar Niemeyer.
Domingo, o “Estadão” publicou ótima entrevista com ele, no caderno “Aliás”. Assina o texto o jornalista Fred Melo Paiva.
Pincei algumas frases desde capixaba que esbanja sabedoria e modernidade aos 78 anos. Acho que ajudam a entender um pouco a relação entre arquitetura, urbanismo, civilidade, convivência, natureza e espécie humana.
“O arquiteto não inventa a forma de ninguém viver — ele ampara a vida que já se deseja há muito tempo.”
“(…) São Paulo é uma cidade belíssima. Pela força de sua população — com tanta diversidade, todo dia esses 20 milhões levantam e trabalham serenamente, apesar de tudo. (…) A cidade flui. Há comida para todos os dias. O Ceasa abastece essa porcaria toda (…).”
“Toda cidade está condenada a ser belíssima (…). Onde moram pessoas é sempre uma maravilha, uma presença monumental. (…) São todas belas como realização — bem ou mal — desse ancestral sonho dos homens de, juntos, construir seu hábitat.”
“Uma cidade exige a transformação da natureza. (…) Então, o homem não pode habitar a natureza. A natureza é ingrata, pode-se dizer que é um desastre. O homem só pode habitar coisas construídas por ele mesmo — seu hábitat é um projeto humano.”
“O que a cidade presume, antes de mais nada, é desencadear a imprevisibilidade da vida.”
Um dos privilégios de se viver em SP é poder ver, na rotina do caminho para lá e para cá, obras como a loja da Forma, nos Jardins. Ou o MASP (de Lina), ou o Copan (de Oscar).
Hoje estou de bem com minha cidade.