Blog do Flavio Gomes
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26 velinhas

SÃO PAULO (não podia passar em branco) – No dia 12 de maio de 1980 a Volkswagen do Brasil iniciava a produção de um de seus mais estrondosos sucessos. Que começou meio fracassado. O primeiro Gol vinha para suceder o Fusca. Linhas modernas, perfil em cunha, plataforma desenvolvida, vejam só, nas antigas instalações da Vemag […]

SÃO PAULO (não podia passar em branco) – No dia 12 de maio de 1980 a Volkswagen do Brasil iniciava a produção de um de seus mais estrondosos sucessos. Que começou meio fracassado. O primeiro Gol vinha para suceder o Fusca. Linhas modernas, perfil em cunha, plataforma desenvolvida, vejam só, nas antigas instalações da Vemag no Ipiranga (acho que é por isso que eu…). A inspiração veio do Scirocco alemão.

Mas a VW cometeu um erro de avaliação: decidiu manter o motor boxer a ar (ótimo), mas 1.300 cc. Resultado: a Brasília continuou vendendo mais que o Gol, com seu motor de 1.600 cc, bem mais potente.

O estepe ficava no cofre do motor. Isso garantia um bom espaço no porta-malas, mas o desempenho era muito fraco. De qualquer maneira, hoje esse carro deve ser visto com atenção. É o único a usar velho boxer na frente, o que faz dele um exemplar especial.

Erro detectado, logo a VW introduziu o motor 1.6, mas havia um problema: o estepe teria de ir para o porta-malas, porque na posição original não caberia o segundo carburador. Foi uma concessionária de SP que deu a idéia, simples e banal, de virar a roda ao contrário, para alojar a dupla.

Transformou-se num sucesso imediato. Meu primeiro carro foi um Gol LS prateado 1982 a ar, placas CA-4343, e quando vejo esse painelzinho aí embaixo, é impossível não suspirar de saudades. Eu troquei meu volante pelo do TS e espetei um console com um Bosch Rio de Janeiro e um Tojo. Coloquei vidro elétrico e troquei todos os frisos das janelas, que eram cromados, por pretos. Meu carro era uma graça. Tinha quatro faróis redondos, uma bossa da época, e rodas de Porsche. No painel, conta-giros e relógio. E escapamento duplo com abafador de Mercedes.

As campanhas publicitárias eram muito boas e de uma me lembro em especial, essa do cartaz do toureiro chamando o carro de “El Gol”. Antigamente era moda, para quem ia à Europa, trazer da Espanha esses pôsteres personalizados, com o nome do turista como se fosse o toureiro.

Aí, em 1984, a VW lançou o Gol GT. Fiquei doido por ele, mas com raiva, também, porque nunca teria grana para ter um. Vermelho, preto ou chumbo, bancos Recaro, painel com letras e números em vermelho, faróis de milha redondos, um negócio de louco. Motor 1.8 AP, um foguete. E aquelas rodas…

Fiquei três anos com meu Gol prata (que meu irmão mais novo, molequinho, dizia era “prático” quando eu perguntava para ele a cor), depois vendi, tive um Uno, e nunca mais um Gol.

Foi do Gol que nasceram Voyage, Parati, Saveiro (ótimos nomes para carros), e ele existe até hoje, embora só mantenha o nome, porque as gerações seguintes foram todas bem diferentes, e nenhuma delas me encanta em particular.

Me encantam, sim, os primeiros, a ar, e o GT, um puro-sangue.

Velinhas para o Gol, em seus 26 anos de vida.