Blog do Flavio Gomes
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Carcará, 40

SÃO PAULO (A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos […]

SÃO PAULO (A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.) – Deixei para o fim do dia, porque é tema por demais caro para ficar perdido entre minhas pequenas baboseiras.

Hoje faz exatos 40 anos do vôo do Carcará. E digo isso com a felicidade de ter visto duas grandes matérias sobre o assunto, na “4 Rodas” e na “Clássicos”. E digo isso com a felicidade de saber que Paulo Trevisan fez o Carcará II. E digo isso com a felicidade de saber que Toni Bianco e Anísio Campos estiveram envolvidos, assim como Jorge Lettry e Crispim. E digo isso com a felicidade de saber que até miniaturas do Carcará há. E digo isso com a felicidade de carregar na lateral do meu carro o rosto do rapaz que o pilotou, e seu número, que será sempre dele. E digo isso com a felicidade de tê-lo conhecido, de ter visto e tocado na capa que cobriu seu carro, de ter visto e tocado o volante que ele tocou.

Os 40 anos do Carcará certamente não foram mencionados no Jornal Nacional, nem serão lembrados em Interlagos na Stock, ou em Curitiba no WTCC, ou em Indianápolis. Mas falarei do Carcará nos seus 41 anos, nos seus 42 anos, encherei o saco de muita gente contando sua história, martelarei sua saga enquanto for ouvido.

Afinal ele pega, mata e come.