Blog do Flavio Gomes
Sem categoria

Gira mondo, gira (quinta)

SÃO PAULO (em chamas, ferida, agonizando, sangrando) – Começou tudo de novo. Li ontem no jornal que o mundo tem 100 milhões de tarados que não conseguem largar do computador, quase me senti um, e por isso decidi que em casa não iria ligar o computador. Aí passo na CNN antes de dormir e vejo […]

SÃO PAULO (em chamas, ferida, agonizando, sangrando) – Começou tudo de novo.

Li ontem no jornal que o mundo tem 100 milhões de tarados que não conseguem largar do computador, quase me senti um, e por isso decidi que em casa não iria ligar o computador.

Aí passo na CNN antes de dormir e vejo que Israel bombardeou o aeroporto de Beirute, vou ao computador para saber que diabos está acontecendo. Aí passo no Último Segundo e vejo que voltaram a queimar ônibus, balear agências de banco e supermercados, vejo que estão incendiando lojas de carros, vejo um ônibus torrando na Vila Madalena na rua onde, dia desses, estava tomando um chope, vejo o garçom dizendo que foi todo mundo embora, como tomar um chope vendo os bombeiros apagarem o fogo num ônibus?

Na minha janela só silêncio e paz, mas não há paz possível além da minha janela.

Vejo os comentários dos 1.000 posts, sou grato a todos e me emociono a cada palavra, mas não consigo ficar nem feliz, nem triste, dou uma gargalhada com este impagável Veloz-HP e seu sonho de ver um Antonov desabar sobre uma fábrica de Ladas, esse cara é engraçado, me divirto, mas como me divertir?

Dou risada sozinho e fecho a cara no instante seguinte, porque estão bombardeando Beirute, me lembro de Beirute, de um texto que escrevi e que sem grande esforço encontro, porque sei onde estão meus textos e sei cada palavra que escrevi, mas e daí?

Vila Madalena, Beirute, tudo cada vez mais parecido. Ando meio nervoso. Não sei se dou risada ou choro, não sei se é direito rir de alguma coisa.