Blog do Flavio Gomes
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Carro de sete vidas

SÃO PAULO (com uma lua linda) – Buenas. Grande sabadão. Primeiro, o Farnel do Brandão. Presenças ilustres (Jackie Stewart não veio, mas mandou um telegrama), gente simpática, muitos comes, muitos bebes, aquilo que já está se tornando uma gostosa tradição. Sobre a festa, deixo para a blogaiada que foi contar. A corrida. Boa, muito boa. […]

SÃO PAULO (com uma lua linda) – Buenas. Grande sabadão. Primeiro, o Farnel do Brandão. Presenças ilustres (Jackie Stewart não veio, mas mandou um telegrama), gente simpática, muitos comes, muitos bebes, aquilo que já está se tornando uma gostosa tradição.

Sobre a festa, deixo para a blogaiada que foi contar.

A corrida.

Boa, muito boa. 29 carros inscritos, 28 largaram. Nosso recorde. A classificação aconteceu com pista bem molhada, lisa como um sabão, e o #96 não decepcionou. Ao contrário. Me diverti muito fazendo curva de lado naquele rinque de patinação no gelo.

Pole do Neto Carloni, de Puma, 2min24s909. Luiz “Nenê” Finotti em segundo com o Topolino, 2min26s871. Eles, no seco, costumam andar em 2min00s. O terceiro, Evaldo Luque, virou com a BMW o tempo que meu DKW faz no seco: 2min35s823. Consegui o 22º tempo, 2min53s221. Legal demais. Deixei para trás um Fusca, três Pumas e um Karmann-Ghia. E fiquei a menos de dois segundos de um Karmann-Ghia AP e a menos de três do Zé do Caixão. Na chuva, o #96 é o bicho, dentro de seus limites.

Mas aí saiu o sol, começou a secar, e a corrida aconteceu sem uma gota d’água no asfalto. O Nenê teve problema de câmbio e não largou. Eu queimei a largada, freei, perdi tempo, aí saí atrasado. Mas sem problemas. Sabia que meus adversários seriam o Karmann-Ghia do estreante Eduardo Carvalho, o Puma do Carlos Barros e o Miúra do Anuar Askari. Era atrás deles que eu tinha de sair correndo.

E a corrida começou bem, até. Na segunda ou terceira volta passei o Anuar no S do Senna por fora, acho que foi uma manobra bonita. Depois passei o Karmann-Ghia por fora também, no Laranjinha.

Lá na frente, o pau comendo entre o Luque e os Carloni. Duelos ótimos, Zé x Chevette, Corcéis x Fiats, duca.

Comecei a chegar no Puma laranja do Carlos, e acho que ia passar. Aí aconteceu.

Fiz a primeira perna do S do Senna, aprumei, enfiei o pé no acelerador para fazer a segunda perna, para a direita, quando de repente ouço um barulhão e o carro despenca. E despenca mesmo! Fez que ia capotar, voltou, rodou 360º, escorregou para a grama e parou perto da barreira de pneus. Na hora percebi o que tinha acontecido: perdi a roda traseira esquerda. Depois, nos boxes, vimos que o eixo quebrou.

O #96 quase foi pro saco, comigo junto. Se capotasse, acho que ia me machucar, porque aquele é o ponto mais perigoso de Interlagos, com guard-rail muito perto da pista. Foi muita sorte ele ter voltado, e muita sorte não ter batido. Coisas que acontecem.

Abandonei na sexta volta, com a certeza de que iria passar o Puma. Paciência.

A prova foi sensacional, com destaque para o Adriano Griecco, que largou em 13º e passou em quarto na primeira curva, com o Alberto Reis, de JK, em sexto. Carlonis e Luque travaram disputas muito acirradas, houve toques, e no fim o Porsche de Carloni Pai e a BMW receberam a bandeirada em pandarecos. Mas foi mesmo um corridão.

O resultado final e uma descrição mais precisa eu coloco depois no site da Superclassic. E espero que os blogueiros que foram a Interlagos contem mais aqui.

Lá no alto e logo abaixo, a cereja do bolo. Vinícius Nunes e Rodrigo Ruiz, fotógrafos de mão-cheia, registraram a quase cambalhota do #96. A primeira foto, que abre este post, é do Vinícius, As outras, da sequência, são do Rodrigo.

Olhando assim, deu para assustar, mesmo.

Na primeira foto, dá para ver até as lonas de freio voando. Na penúltima, já estou encostando o carro, que felizmente não bateu. Como agora o autódromo fecha até depois do GP do Brasil, teremos tempo para arrumar tudo.

Aliás, estivesse eu na F-1, e o press-release de hoje diria: “The team doesn’t know yet the reasons for the accident. We have to go back to the factory in order to investigate the causes. Probably our driver had a problem in the axle, which made him lose his rear left wheel. But he could also have attacked the kerbs in an unusual maner, so it’s better wait for the analysis from our engineers”.

Ah, parabéns ao Vinícius e ao Ruiz. Esses não perdem uma. Se eu batesse as botas ontem, pelo menos seria documentado!

Muitas fotos desta inesquecível prova da Superclassic estão no site do Rodrigo Ruiz. Nas fotos 60 a 65 está a ultrapassagem sobre o Miúra do Askari. Mas tem muito mais, e elas mostram a beleza de grid que tivemos ontem.