Blog do Flavio Gomes
Sem categoria

Interlagos: morto e enterrado

SÃO PAULO (a platéia, agradecida, manda uma sonora vaia) – Não fui à feijoada de sábado em Interlagos, evento com “otoridades” e organizadores do GP do Brasil, porque marcaram para um fim de semana de F-1. Mas, se tivesse ido, levantar-me-ia no meio, sem comer a couve e o paio. Explico. Soube que o prefeito-tampão […]

SÃO PAULO (a platéia, agradecida, manda uma sonora vaia) – Não fui à feijoada de sábado em Interlagos, evento com “otoridades” e organizadores do GP do Brasil, porque marcaram para um fim de semana de F-1. Mas, se tivesse ido, levantar-me-ia no meio, sem comer a couve e o paio.

Explico.

Soube que o prefeito-tampão com nome de comida árabe (não se ofenda, prefeito-tampão: jamais cito nomes de políticos aqui, com raras exceções, entre outras coisas para não ferir a legislação eleitoral) apresentou um projeto de “modernização” de Interlagos.

Vou resumir, porque não tenho muita paciência com essa gente. O cara quer gastar alegados 50 milhões de reais para fazer: 1) uma arena multiuso para 60 mil pessoas (não sei bem onde, parece que é onde tem o estacionamento do Sol); 2) uma pista de arrancada (a CBA adora arrancada; dá dinheiro e nenhum trabalho); 3) uma pista de off road; 4) arquibancadas fixas que serão construídas sobre o antigo Retão, com escolas embaixo.

Ao final de sua exposição, ele deve ter sido aplaudido pela patuléia, inclusive o presidente da CBA. Ninguém deve ter dito ao prefeito-quibe que suas idéias matam de vez o circuito antigo de Interlagos.

Este, para os que gostam de automobilismo e têm noção de sua história, deveria ser defendido até o último dos dias. Do jeito que está, ainda é viável sua recuperação, com uma ou outra mudança, e talvez por isso ninguém saia por aí berrando “queremos a pista antiga!”, na esperança de que algum dia surja do Além uma alma com mais de dois neurônios nesta cidade capaz de abraçar a causa e levá-la a cabo. E tal alma só poderá ser um outro prefeito, sabe-se lá quando.

Enquanto isso, a pista está lá, exceção feita ao Sargento, que foi detonado, mas não é das coisas mais difíceis do mundo refazê-lo.

Só que a idéia do prefeito-esfiha mata de vez qualquer possibilidade de recuperação do antigo traçado. Se construírem arquibancadas fixas (que viverão às moscas) sobre o Retão, bye.

Tudo porque em 1989 resolveram assassinar um dos melhores traçados do mundo, para trazer a F-1 de volta a SP. O projeto inicial, do Chico Rosa, preservava quase tudo. Era esse aí embaixo. A esse respeito, leiam a coluna do Marcelo Borg, um dos diretores do autódromo.

Desse jeito, ninguém pensaria em construir arquibancadas sobre o Retão. Ele continuaria servindo ao que sempre serviu: corridas. Aliás, é para isso que devem servir autódromos.

Minha esperança é que o prefeito-kebab seja como todos os outros. Apresenta um projeto, a gente finge que acredita, ele finge que vai fazer e não faz picas.

Por fim, uma sonora vaia para a CBA, que acha tudo bonitinho e não defende a razão de sua existência.