Blog do Flavio Gomes
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No panic

SÃO PAULO (belas risadas) – Quis o destino, ou a Ferrari, que este pobre escriba fosse o convidado para apresentar a última entrevista coletiva de Michael Schumacher fora de um autódromo. Fora, claro, porque se o cara fica entre os três primeiros no grid, ou na corrida, vai para a sala de imprensa em Interlagos. […]

SÃO PAULO (belas risadas) – Quis o destino, ou a Ferrari, que este pobre escriba fosse o convidado para apresentar a última entrevista coletiva de Michael Schumacher fora de um autódromo. Fora, claro, porque se o cara fica entre os três primeiros no grid, ou na corrida, vai para a sala de imprensa em Interlagos.

A bagaça foi hoje de manhã no Teatro Alfa, que fica colado no Transamérica. A papagaiada de sempre, dois caras da Shell primeiro, auditório cheio, depois Felipe, e por fim Schumacher.

Pobrecita da menina da Shell, Francesca, uma gracinha, inglesa filha de italianos. Me mandou um roteiro que indicava até a hora em que eu podia sorrir ou coçar o nariz.

Como de costume, não segui picas, fui levando, e estava tudo bem, quando, na última pergunta para o Massa, quem toma o microfone é aquele cara do “Pânico” que imita o Silvio Santos. Se apresentou como Senor Abravanel, sensacional. Perguntou qualquer bobagem, não lembro qual. Mas na boa.

Felipe tirou de letra, enquanto meus parcos neurônios me informavam: Houston, we have a problem. Isso porque seu parceiro, o Vesgo, estava lá. E, claro, iria aprontar alguma.

Vem Schumacher, vai respondendo às perguntas, o Vesgo levanta a mão, vou empurrando com a barriga. A menina da Shell, outra, tinha dito que não iam dar o microfone pro Vesgo, mas ele foi mais safo, pegou e ficou esperando sua vez. E eu que não iria vetar pergunta nenhuma, que seja o gran finale, pois.

Outra assessora, designada apenas para me dizer quanto tempo ainda tínhamos, faz o sinal. Três minutos. Vou chamar o Vesgo, penso cá com meus botões. Sento do lado de Schumacher e dou um toque. Hold the wave, segura a onda, não sei se ele entendeu a expressão. Digo que vem bomba, o cara vai zoar.

Chamo o Vesgo, manda, Vesgo, mas pega leve. E ele pergunta legal: Schumacher, se você acordar um dia, olhar no espelho e em vez do seu rosto aparecer o do Rubinho, o que você faz?

Quase mijei de rir ao traduzir a pergunta, e Michael respondeu sem nenhuma palavra, deu risada e esfregou os olhos. Uns interpretaram como “preciso acordar do pesadelo”, outros como “eu ia chorar”. Mas não importa, o que valeu foi a graça da situação. A foto está no Terra em algum lugar. Depois, se der tempo, coloco aqui. O sistema está com algum pepino que não estou conseguindo colocar fotos agora, e não posso enrolar muito.

Depois, o Vesgo mandou entregar ao Schumacher uma tartaruga de plástico, disse que a dita cuja se chamava Barrichello. Michael colocou o boné nela, deu mais risada, e seguiu com a entrevista, agora só para os alemães. A tartaruga ficou lá, na mesa. Vai estar em todos os jornais amanhã.

No fim, Schumacher reuniu jornalistas alemães e italianos para dizer um adeus informal. O pessoal fez fila para pegar autógrafos. Jornalista também é tiete. Peguei o segundo e o terceiro autógrafos da minha vida, um na credencial, outro na camiseta mequetrefe que a Shell me deu para comandar a coletiva. O primeiro foi do Jackie Stewart, anos atrás, em Indianápolis, na capa de uma velha “Quatro Rodas”

Bem, foi uma manhã divertida. Schumacher está chegando ao fim da carreira, e a única coisa que não quer agora é estressar. Nem eu. Fazemos muito bem, peace and love, já disse Pelé um dia.

Atualizando com a foto do Terra, porque voltou a funcionar tudo aqui…