SÃO PAULO (reclamam do quê?) – Os organizadores do GP do Brasil estão com alguma birra com a Prefeitura da cidade. E começam a distribuir e-mails com recadinhos à administração do autódromo de Interlagos.
Recebi este, ontem à noite, na forma de comunicado de imprensa: “A deterioração do asfalto do circuito de Interlagos em alguns pontos críticos chamou a atenção da Organização Desportiva do GP Brasil em vistoria realizada no autódromo neste domingo. Há desgaste e borracha queimada em diversos pontos, decorrentes do mau uso da pista ao longo do ano, que não tem a fiscalização adequada. Uma das principais causas do problema é uma exibição conhecida por ‘zerinho’, feita por algumas categorias. (…) O problema é permanente e só é resolvido com fresagem e recapeamento da pista. Outro problema identificado foi a presença de manchas de cimento que também mudam as características da superfície. Essas manchas são decorrentes do uso de cimento para secar vazamentos de óleo. O correto é utilizar um produto apropriado à base de pó não cimentício e biodegradável, que absorve o óleo sem prejudicar o asfalto.”
Ora, ora, quanta preocupação com o patrimônio público! Vou repetir um trecho: “…decorrentes do mau uso da pista ao longo do ano, que não tem a fiscalização adequada”. O que os organizadores sabem do uso de Interlagos ao longo do ano? E da fiscalização?
O problema dessa corrida é que seus donos acham que pelo fato de a cidade inegavelmente ganhar com o GP, isso a obriga automaticamente a se curvar diante de qualquer exigência, cobrança ou crítica. Interlagos é um negócio complicado de administrar. Sim, é da Prefeitura, e a Prefeitura tem obrigação de cuidar do autódromo, mas e os organizadores? Esses só ganham, só têm bônus, e nenhum ônus. Tratam o público como gado. A Prefeitura paga tudo para que a corrida aconteça, e não há contrapartida alguma. Pergunto: por que é a cidade que paga a montagem das arquibancadas e não os organizadores, que ficam com a bilheteria? Quem são eles para dizer como a pista deve ser usada o resto do ano? A F-1 não é o único evento da temporada, longe disso.
Me atenho principalmente à questão do público. Da falta de banheiros, lanchonetes, serviço, conforto, lugares marcados. Se eu fosse o prefeito, mandava esses caras às favas. Diria: OK, vamos recapear tudo. Mas ano que vem, vocês montam as arquibancadas, vocês numeram os lugares, vocês cuidem do público como se deve. Ficar pedindo e mandando é fácil. Usar o patrimônio público sem gastar nada para arrecadar um monte, também. Botar a mão no bolso para ajudar a melhorar o autódromo, para atender ao público com dignidade, ah, isso não. Lucro é privado, prejuízo é estatal.
Eu daria um ótimo prefeito, muita gente ia me odiar.