Blog do Flavio Gomes
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Assim falou o Mestre

SÃO PAULO (vai escrever assim lá longe) – Vi Mestre Mahar brevemente no sábado em Interlagos, furei o jantar marcado, e nem o encontrei domingo. Pagarei as faltas com juros em Pouso Alto, com certeza. Mas é uma honra para o Clássicos de Competição um cara como ele rabiscar algumas linhas, que reproduzo, a seu […]

SÃO PAULO (vai escrever assim lá longe) – Vi Mestre Mahar brevemente no sábado em Interlagos, furei o jantar marcado, e nem o encontrei domingo. Pagarei as faltas com juros em Pouso Alto, com certeza.

Mas é uma honra para o Clássicos de Competição um cara como ele rabiscar algumas linhas, que reproduzo, a seu pedido e ordem:

Woodkstock
Por JR Mahar

Na calada da noite um grito furioso rasga a calma. O DFV do FD01 acorda multidões silenciosas que andam como zumbis pelas ruas. O destino: Interlagos, e a música é “It´s a long time coming”. O território sagrado de Nossa Senhora da Combustão Interna atrai os fiéis da gasolina como um magneto, como se fossem orientados pelo flautista de Hamelin, o pequeno e poderoso F. Gomes.

Ele, pequeno no porte físico, é um gigante, esse tal de Flavio. Acredita em si e vai galante como um cavaleiro medieval em busca de seu Graal de óleo queimado, sem se importar com as pedras do caminho. Como um verdadeiro Brancaleone da Norcia, o tal de Gomes acelera seu anacronismo rodante num mar de motores AP em fúria.

Seu grande coração se rejubila no som mais lindo de motor naquelas colinas encantadas de um bairro da metrópole, e ele empunha a bandeira do Auto Union como se fosse o verdadeiro senhor dos quatro anéis unidos. É verdade que a marca mais fina das quatro era a Horch, “ouvir” em alemão, e o impávido Gomes empunha a bandeira dos que acreditam mais em si mesmos como se não houvesse amanhã.

Muitas vezes o líquido da emoção banhou-me os olhos ao ver tudo aquilo que foi o Clássicos em Competição. O grito furioso dos motores em busca do orgasmo da aceleração ainda banha meus ouvidos, principalmente quando notei que o tempo não passou e o Wilsinho resgatou todo o aperto que me ia ao coração. Ver depois de tanto tempo aquele carro lindo gritar me dá vontade de beijar os pés dos que comungaram na fé das pistas e tiveram a ver com este Renascimento.

Paguei um certo preço em dor para ir lá, atiçado por Lord Rodrix, mas tudo se perdeu na alegria de estar entre meus irmãos de fé, ver aquilo tudo e lembrar da saudade de casa que dava na Curva Três.

Nunca haverá palavras para dizer o que senti por aquela gente bonita e apaixonada que estava em Interlagos neste fim de semana.
Um verdadeiro Concílio da Igreja da Combustão Interna, um Woodstock sobre rodas, o máximo de prazer que se pode ter vestido…