Blog do Flavio Gomes
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Le Cirque (du Soleil) da F-1

SÃO PAULO (nem palhaço tem mais) – Odeio, e veto no meu site, por exemplo, a expressão “circo da Fórmula 1”. Ela foi criada para se fazer uma analogia com os mambembes espetáculos que paravam aqui e ali, montando suas tendas esgarçadas e fazendo suas apresentações para na semana seguinte estacionar em outro canto. Coisa […]

SÃO PAULO (nem palhaço tem mais) – Odeio, e veto no meu site, por exemplo, a expressão “circo da Fórmula 1”. Ela foi criada para se fazer uma analogia com os mambembes espetáculos que paravam aqui e ali, montando suas tendas esgarçadas e fazendo suas apresentações para na semana seguinte estacionar em outro canto. Coisa de cigano, panis et circenses.

Fazia algum sentido, nos anos 60 e 70. Era mais ou menos assim, mesmo. Tudo improvisado, feito no tapa, e o showzão de domingo para milhares de gentes empilhadas onde dava. Depois dessa época, não. De circo, a F-1 não tem nada. Não há tendas ou malabaristas, é tudo asséptico, limpo, tecnológico, artistas robotizados, ingressos caros, tudo como o… Cirque du Soleil!

É isso. Os circos também não são mais circos, o que se entende por circo hoje é a brancura do Cirque du Soleil, seus ginastas silenciosos de movimentos harmônicos e infalíveis, luzes fortes, produção sofisticada, nada de animais, nada de palhaços, movimentos delineados por músculos perfeitos. Sendo assim, que se volte a chamar a F-1 de circo, combina.

Bem, fiz toda essa digressão apenas para informar que hoje Bernie Ecclestone, como se esperava, confirmou um GP em Abu Dhabi pelos próximos sete anos.

Como o Cirque du Soleil, a F-1 de hoje só quer mesmo é circular pelo mundo rico e bonito, fazer seu showzinho para milionários, e pular fora. Que se danem os desejos de torcedores de países que construíram ao longo de décadas a história do automobilismo e que, aos poucos, vão sendo privados de ver aquilo que criaram.