Blog do Flavio Gomes
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O que eu acho

SÃO PAULO (a gente sempre tem de achar alguma coisa) – Este texto vai sair amanhã nos jornais que recebem minha cobertura de F-1. Agora digam vocês o que acham… Saiu barato, diante do que poderia ter sido — já que se falava até em excluir a McLaren deste e do próximo Mundial. Mas pode-se […]

SÃO PAULO (a gente sempre tem de achar alguma coisa) – Este texto vai sair amanhã nos jornais que recebem minha cobertura de F-1. Agora digam vocês o que acham…

Saiu barato, diante do que poderia ter sido — já que se falava até em excluir a McLaren deste e do próximo Mundial. Mas pode-se dizer que a punição imposta pelo Conselho Mundial ficou de bom tamanho, dentro daquilo que se espera da FIA, que é ótima na aplicação da tática de morder e assoprar. Afinal, a equipe perdeu uma taça e um bom dinheiro; mas continua na luta pelo título de pilotos e segue sua vida sem maiores sobressaltos.

A culpa do time foi estabelecida. Isso não se discute mais, ainda que Ron Dennis negue de pés juntos que as informações da Ferrari tenham sido aproveitadas por seus funcionários. Isso a FIA fez, portanto: apontou o dedo para Woking e não aceitou seus clamores de inocência.

O tamanho da pena é que pode gerar algum tipo de discussão. Os pilotos deveriam ter sido afetados? Não creio. O episódio foi deflagrado em uma esfera que não lhes diz respeito diretamente. Como medir o tamanho da influência de dados de outra equipe no desempenho dos carros da McLaren neste ano?

Informações ditas secretas circulam com muito mais desenvoltura na F-1 do que se pode imaginar. O mecânico que trabalhou na Williams e hoje está na Renault mantém laços de amizade na antiga equipe e vive falando com os ex-colegas; quando um projetista sai de um time e vai para outro, leva na bagagem todo o conhecimento que acumulou no emprego anterior. Isso não é espionagem, e tem o mesmo efeito da tramóia de Stepney e Coughlan.

Assim, punir os pilotos seria como suspender o jogador de um time de futebol cujo diretor subornou o juiz sem o seu conhecimento.

A decisão anunciada em Paris foi arquitetada pelo hábil Max Mosley no fim de agosto, quando prometeu, por carta, anistiar Alonso, Hamilton e De la Rosa se eles colaborassem com as investigações. Ele precisava de munição para provar que a McLaren usou, em algum grau, as informações ferraristas; em troca, garantia a imunidade aos assustados garotos que dirigem os carros.

Dessa forma, conseguiu as provas, blindou o Mundial de Pilotos, que é o que importa, e montou a sentença. Fez com que a McLaren saísse chamuscada com o rótulo de culpada e ainda arrancou uma grana de Ron Dennis.

Nem a Ferrari reclamou. O que mostra que Mosley, mais uma vez, encontrou a solução ideal.