PIRACICABA (será que durmo?) – Se faltava alguma coisa para eu me convencer de que Hamilton é daqueles que chegam para matar, não falta mais. A pole do sábado e sua atuação extraordinária na pior das condições hoje em Fuji não deixam mais dúvidas sobre sua genialidade e talento muito acima da média.
Com o abandono de Fernandito, que desta vez não se entendeu com a água (santa água!), Lewis é o virtual campeão. Só uma tragédia improvável tira o título do rapaz. Título que pode vir na China, se ele sair de Xangai com 11 pontos de vantagem para Alonso tem 12, agora. Em outras palavras: basta terminar a corrida na frente do espanhol, em qualquer posição.
Como foi uma daquelas corridas em que acontecem muitas coisas, vamos direto aos pitacos já tradicionais…
– 18 voltas atrás do safety-car na largada. E quando resolveram largar, a situação da pista era a mesma das 17 voltas anteriores. Das duas, uma: ou não larga, ou solta todo mundo na água. Deu nos nervos aquele desfile interminável.
– Muito inteligente a Ferrari ao montar pneus intermediários nos seus dois carros. Faz falta um Ross Brawn…
– Deu dó de alguém? Deu. De Vettel e de Webber. O choro do alemãozinho foi de cortar o coração. Ele bobeou. Bater na traseira de alguém durante safety-car é dose para leão. Chance igual a essa de chegar ao pódio, e acho que chegaria muito perto, nunca mais. Não com um carro da Toro Rosso.
– Raikkonen, em que pese o erro da Ferrari, foi brilhante. Combativo, arrojado e muito diferente daquele piloto que, de vez em quando, parece que está dormindo a 300 km/h.
– Massa, que não é conhecido por andar bem na chuva, fez bem seu papel. Como teve uma parada extra por punição, ficou fora da briga pelo pódio. Mas a disputa com Kubica pelo sexto lugar foi histórica. Merece todos os aplausos do mundo.
– Notaram? Dois finlandeses no pódio. E Kovalainen, que no início do ano era um desastre, é hoje um piloto mais do que estabelecido na categoria. Ainda bem que a Renault teve paciência com ele.
– Fisichella e Coulthard, quando a experiência é exigida, não decepcionam. Menção honrosa a ambos.
– Menção honrosa também para Liuzzi, que depois de saber que perdeu o lugar no ano que vem começou a andar bem. Oitavo, com méritos.
– Hamilton, além de tudo, tem sorte. O toque de Kubica era daquele para tirar os dois da corrida.
– Para finalizar, quem ficou acordado até esta hora vai dormir feliz. Foi uma das grandes corridas de todos os tempos, e à chuva deve-se agradecer. Chuva que parece perseguir Fuji. Em 1976 foi assim, e aquela prova também entrou para a história.