Blog do Flavio Gomes
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Gira mondo, gira (segunda)

SÃO PAULO (tudo armado) – Não sei se a blogaiada está acompanhando, porque é tema mais afeito a nós, jornalistas. Trata-se do embate (quase covardia) entre Jon Lee Anderson, da “New Yorker”, biógrafo de Che Guevara, e Diogo Schelp, repórter brasileiro que assina recente cascatol embromatório-ideológico que foi parar na capa da lamentável “Veja” um […]

SÃO PAULO (tudo armado) – Não sei se a blogaiada está acompanhando, porque é tema mais afeito a nós, jornalistas. Trata-se do embate (quase covardia) entre Jon Lee Anderson, da “New Yorker”, biógrafo de Che Guevara, e Diogo Schelp, repórter brasileiro que assina recente cascatol embromatório-ideológico que foi parar na capa da lamentável “Veja” um dia desses.

Resumo: Schelp, a quem não conheço, prestou-se, como prestam-se os jornalistas da revista, a escrever mais uma de suas matérias pré-concebidas. A tese inicial era: Che Guevara foi um canalha assassino, e além do mais não tomava banho (a “Veja” adora esse lado escatológico do mundo, sabe que horroriza quem faz compras no Iguatemi). A efeméride: 40 anos da morte do guerrilheiro argentino.

Anderson foi citado no texto, que me recuso a chamar de “reportagem” (quem leu e tem um mínimo de discernimento sabe do que estou falando), mas não foi encontrado para falar, e o pobre-diabo do repórter embasou as teses pré-concebidas da revista (oh, que surpresa) em depoimentos de exilados cubanos em Miami.

Aí a revista caiu nas mãos do repórter da “New Yorker”, que ficou abismado com o que leu (eu fiquei também; a “Veja” é ruim, mas tem abusado da ruindade) e mandou uma carta para Schelp. Que, coitado, quis iniciar um embate verbal. Está perdendo de goleada, assim como a revista e seu cão-de-guarda, a besta humana chamada Reinaldo Azevedo.

Está tudo no blog de Pedro Dória, se interessar a alguém.

Che à parte, me espanta o que vem acontecendo com a “Veja” de uns anos para cá. Semana passada me ligaram da Editora Abril. Queriam reativar minhas assinaturas, que cancelei há anos. Sempre ligam. A moça perguntou se eu gostaria de “estar assinando” de novo as revistas que lia. Disse que não. Ela insistiu e perguntou se eu iria “estar comprando revistas em banca” nos próximos dias e eu disse que sim. “Alguma da Abril?”, ela perguntou. Eu respondi que não, nenhuma, porque são muito ruins. Ela não desistiu e perguntou se eu gostaria de “estar aproveitando” as promoções e eu tentei ser o mais gentil possível, dizendo que cheguei quase a torcer para que o prédio da editora fosse tragado pelo buraco do metrô, e só não o fiz porque tenho muitos amigos trabalhando lá.

Todos excelentes jornalistas, os amigos. Nenhum deles, felizmente, trabalha em “Veja”.