SÃO PAULO (até entender…) – A FASP, com seu conhecido preparo para as coisas do automobilismo, divulgou o regulamento técnico do novo campeonato para carros antigos cujo nome é o quilométrico “Veículos Históricos Originais/Veículos Históricos de Competição”. Está aqui para os interessados.
É uma salada inominável. Serão seis divisões. Quero ver comprarem troféus para todo mundo… A Divisão 1 foi subdividida em duas. A Divisão 2 foi subdividida em três. E a Divisão 3, oh, é uma só.
Pelo que vi, rapidamente, copiaram nosso regulamento e a partir dele enxertaram algumas bobagens, com certo relaxamento no que diz respeito ao idioma pátrio. Um bom revisor faria a festa. Tem até “sòmente” com crase.
Notei que reduziram em 100 kg o peso da réplica de Porsche a ar, que em 2007 corria na Divisão 3 com 850 kg de peso mínimo e, agora, pelo que deu para compreender, corre na Divisão 2/2a (ufa!) feita só para motores a ar. Peso mínimo de 750 kg. Regra que atende especificamente a um carro, o Porsche Spyder de Cesar Carloni, da equipe de Della Barba. Tem também uma curiosíssima exceção de câmbio, que permite DKW com motor original e câmbio de Gol a ar (existe um único carro assim em SP, uma linda réplica das carreteiras DKW, de Alfonso Abrami). Curioso também que a Divisão 2 fala em “Veículos com motores originais”, mas permite o uso de Ford CHT em DKW, Gordini e Interlagos “sem alterar sua divisão”. Aí segue uma frase que faria tremer o professor Pasquale: “As réplicas somente serão permitidas, utilizar motor a ar”. Uga uga.
Réplica é um conceito bastante genérico. MP Lafer é réplica? Chamonix é réplica? Lá no começo do regulamento está escrito, no item “Veículos permitidos”: “Veículos réplicas desde que se mantenham suas características originais”. O que é característica original de uma réplica? Se é réplica, de original nada tem, por definição.
Enfim, um amontoado de confusões. Quando o mandatário da federação anunciou a criação da categoria, disse que um dos motivos das mudanças era reduzir a velocidade, estava perigoso, os AP andavam demais, iriam todos para a Força Livre enfrentar Ômegas e protótipos. Os AP, no fim, foram mantidos, vão largar na Divisão 3, como sempre largaram, e terão pela frente na pista, teoricamente, um Fusca 1.200 original sem forração, mas com painel. Aliás, carros nunca proibidos na Superclassic, esses originais sem forração, mas com painel. Só que, claro, ninguém faz um carro desses para correr. A Divisão 1 em suas duas categorias não terá nenhum carro, porque todos os Divisão 1 atuais têm algum tipo de preparação. E quando se fala em “totalmente originais”, como o novo regulamento, se fala também em não usar freio a disco, ou mexer na suspensão, ou colocar uma bomba elétrica… Seria como pegar o Fusca de sua tia, tirar os forros das portas (e do teto, não esqueça), colocar um banco de corrida e um cinto e um santantonio, tirar as calotas e os pára-choques, e colocar na pista. Depois levar o carro no tapeceiro para fazer o teto de novo. Serão 11 tetos no ano.
Uma peça de ficção, em resumo. Filminho de terror classe D.
O #96 pelo novo regulamento, seria um Divisão 2/categoria 1 (“veículos com motores originais até 1.300 cc”), onde correriam, em tese, Fuscas, Fiat 147 e os tais DKWs, Gordinis e Interlagos com motor CHT 1.0, acredito. Motor de Escort Hobby, por exemplo.
Fala-se também em “Maverick com motor original”, que entrariam na Divisão 1/categoria 2 (se não tiver preparo algum), ou na Divisão 2/categoria 2b se tiver alguma preparação de corrida. Donde um Mavecão V8 terá como adversários, por exemplo, Corcéis e Chevettes com motores 1.4.
Uma zona. Não sei se meu carro vai participar dela. Como sempre, vamos reunir os pilotos. Aí decidiremos o que fazer.