MONTEVIDÉU (Agora era fatal/Que o faz-de-conta terminasse assim/Pra lá deste quintal/Era uma noite que não tem mais fim) – O último e o primeiro. Para quem não sabe do que estou falando, o preto é um DKW F102. Que vem a ser o último modelo da marca, motor 1.200 cc, descontinuado assim que a Volkswagen fechou a compra da Auto Union e reativou a… Audi (uma das quatro argolas, para quem não sabe; depois acabou incorporando as outras três em seu próprio logotipo).
O verde, pois, é o Audi 80. Que vem a ser o primeiro dos Audi pós-Guerra. É o mesmo carro, idêntico ao F102, só que usa motor quatro-tempos desenvolvido pela Mercedes-Benz alguns anos antes (quando a VW comprou a Auto Union da Mercedes, levou de troco um monte de projetos em andamento).
Esse preto, segundo o dono da oficina, que o atende (ao carro, não sei se ao proprietário) desde que ele saiu de Ingolstadt, lá por 1965, tem 1.300.000 km rodados. Não, não coloquei zeros a mais. Um milhão e trezentos mil. Com o mesmo virabrequim. Mas já teve de trocar pistões algumas vezes.
Meu sonho de consumo, um F102. “Tengo más cinco”, disse o dono da oficina. Não acreditei piamente nele. Mas deve ter, mesmo. Ou, pelo menos, sabe onde tem.
