Blog do Flavio Gomes
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gira mondo, gira (sexta)

SÃO PAULO (e então…) – Desde que eu aprendi a escutar rádio e TV, ouço falar da dívida externa brasileira. Dos juros da dívida, do quanto pagar os empréstimos afetava nossa vida cotidiana. Ontem o Brasil deixou de ser devedor e passou a ser credor. Para quem, como eu, faz conta de português, tem mais […]

SÃO PAULO (e então…) – Desde que eu aprendi a escutar rádio e TV, ouço falar da dívida externa brasileira. Dos juros da dívida, do quanto pagar os empréstimos afetava nossa vida cotidiana.

Ontem o Brasil deixou de ser devedor e passou a ser credor. Para quem, como eu, faz conta de português, tem mais a receber do que a pagar. O saldo positivo é de US$ 4 bilhões. O Brasil saiu do cheque especial (eu ainda estou, mas seguirei o exemplo do país até o fim do ano, espero…).

É um ano de boas notícias na economia e no desenvolvimento social. O Brasil está melhorando. Há quem não sinta e quem não queira ver. Mas eu vejo perto dos meus olhos. Estava agora há pouco no elevador do prédio onde tenho escritório. Há uma equipe, há alguns meses, limpando a fachada de mármore (meu prédio é bonito pra cacete). Havia quatro operários no elevador, todos de capacete e macacões azuis. Conversavam alegremente. Um falava sobre seu novo aparelho celular 3G. O outro perguntou se tinha bluetooth.

Há uma enorme carga de preconceito nisso que estou escrevendo, eu sei. “Operários não podem ter celular, seu burguesinho de merda?”, perguntei a mim mesmo (poupem comentários iguais; já escrevi).

Podem e devem. E muito maior que minha carga de preconceito foi a carga de alegria de ver gente simples, trabalhadora, esforçada, honesta, sorrindo com as conquistas de seu trabalho, esforço e honestidade.

Isso aqui nunca foi assim. Entendo por que tanta gente está puta com o governo. Pô, operário falando de bluetooth?

Pois é.