Blog do Flavio Gomes
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LADALAND (QUINTA)

SÃO PAULO (tudo kontinua) – Recebo mensagem do alto de famoso blogueiro, que parece ter-se cansado do Leste, mas envia boas notícias, o que é bom. Kamarada Gomes, como vão as coisas aí embaixo? Foram dias estranhos, estes últimos. Tive um sonho incomum, em que um sedã branco estacionava à minha porta e me chamava […]

SÃO PAULO (tudo kontinua) – Recebo mensagem do alto de famoso blogueiro, que parece ter-se cansado do Leste, mas envia boas notícias, o que é bom.

Kamarada Gomes, como vão as coisas aí embaixo? Foram dias estranhos, estes últimos. Tive um sonho incomum, em que um sedã branco estacionava à minha porta e me chamava insistentemente para uma longa viagem. Apaixonado que sou por sedãs, especialmente esses sedãs, entrei e resolvi ver aonde ele ia me levar. Era tudo um sonho, nos sonhos somos livres, fazemos tudo que queremos, então fui. A viagem foi tranquila e confortável, mas o cenário não me era familiar. Até que, em determinado momento, o sedã parou, minha porta se abriu, eu saí. Ao longe notei um grupo de pessoas, essas sim familiares, e me aproximei sem medo, apenas curiosidade. Era uma espécie de comitê de recepção, mas eles nem notaram minha presença, acho que cheguei atrasado. O que é estranho, pois aquele sedã nunca se atrasa. Aos poucos fui reconhecendo Tazio, Bernd, Jim, Gilles, Ayrton, Adú, Jacaré… Ora, ora, todos velhos conhecidos de minhas revistas e fotografias, então foi aqui que se meteram? Conversavam animadamente, até que um deles, acho que Clay, notou minha chegada e gritou buon giorno!, e todos se viraram e bateram palmas. Achei que eram aplausos para o carro, você sabe que esse carrinho é aplaudido por onde passa, mas que nada, um deles, Elio, deu um passo à frente, estendeu sua mão direita e me disse benvenuto, ragazzo. Você sabe que sonhos são esquisitos, então não me pergunte por que escolheram o italiano como língua corrente, pois não saberei explicar. Um por um, todos vieram me cumprimentar, e aí o idioma mudou, cada um falava numa língua diferente e eu compreendia todas elas. Então Elio tomou meu braço e começou a me mostrar o lugar. Identifiquei algumas curvas de minha infância, escutei sons e roncos que estavam em algum canto da minha memória, senti cheiros que não sentia havia muito tempo, e percebi que o sedã tinha me levado para um tipo de colônia de férias. Reparei nas lindas moças de minissaia, me ofereceram uma Cuba Libre, e eu que não bebo experimentei e gostei muito. Havia música no ar, também, e tudo parecia muito perfeito e bonito, como é nos sonhos. Bem, kamarada, você me conhece, a mim tanto faz como tanto fez se é um sonho ou vida real, e entre este e aquela, preferi este. É por aqui que ficarei. Mandarei notícias, claro. Todos os dias, se possível. Mas pode ser que não tenha tanto tempo assim, porque já percebi que aqui terei muito o que falar com amigos que chegaram antes, não faltará assunto. E enquanto você e todos não vêm, enquanto esperam pelo sedã branco na janela, que um dia virá, sigam acelerando. Acelerem sempre, o tempo todo. O fim será aqui, e vocês todos verão que terá valido a pena. Abraços, Leandrov Alfonsov.

Estamos aqui, kamarada, esperando o sedã branco.