Blog do Flavio Gomes
Sem categoria

A FÓRMULA TRUCK

SÃO PAULO (dá para melhorar) – Me perguntam o que eu acho da Fórmula Truck. Acho bem legal. Tem participação das montadoras, desenvolve tecnologias, enche autódromos (e, ao contrário da Stock, não é só gente para comer empadinha e ganhar boné, embora tenha bastante, também), é um negócio que começou do nada e tem uma […]

SÃO PAULO (dá para melhorar) – Me perguntam o que eu acho da Fórmula Truck. Acho bem legal. Tem participação das montadoras, desenvolve tecnologias, enche autódromos (e, ao contrário da Stock, não é só gente para comer empadinha e ganhar boné, embora tenha bastante, também), é um negócio que começou do nada e tem uma baita força.

Mas não gosto de algumas coisas. Aqueles zerinhos na pista só servem para estragar asfalto. Aquela fumaceira de pneus queimando e aquelas explosões com labaredas vão contra as iniciativas de todo mundo para evitar geração de poluição desnecessária ou desperdício de energia. E aquelas manobras supostamente radicais com caminhões fazendo ziguezague e freando bruscamente perto dos muros e do público, para mim, estimulam a direção irresponsável — piloto nenhum guia daquele jeito.

Claro que o aquecimento global e os acidentes nas estradas não são culpa da Truck, mas aquele fumacê desenfreado e aquelas presepadas exibicionistas são absolutamente dispensáveis. Exemplos têm de ser dados. “Ah, mas você corre de DKW!”, dirá alguém. Nem vem. Meu carro de corrida não emite em poluentes, num ano, o que um ônibus a diesel joga no ar em 30 segundos parado num semáforo.

Também acho o fim da picada o jeito com que os caras distribuem placas de publicidade pelas pistas. Um perigo. Neguinho já saiu em vôo cego no ano passado por causa de uma faixa que ficou grudada no seu pára-brisa. Um exagero total e uma grande irresponsabilidade. Algumas têm armação de ferro. Não dá.

Acho também que os autódromos brasileiros não são compatíveis com o peso e a velocidade dos monstrengos, que saem desembestados a cada acidente e só param sabe-se lá como. O dono da categoria até que se esforça. Procura, tirando dinheiro do bolso, melhorar as coisas. Mas não é fácil, e creio que tem muito circuito por aí que, se a questão de segurança fosse levada a sério no Brasil, não poderia receber corrida de caminhões. Aliás, não poderia receber corrida de nada.

Mas isso não é culpa da Truck. É culpa (de novo) de quem administra o automobilismo brasileiro. Que não se preocupa com autódromos, organização, fomento, segurança, nada. Se preocupa muito com emissão de carteirinhas. E mesmo elas demoram bastante a chegar.

A minha ainda não chegou.