Blog do Flavio Gomes
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EL CORDOBÉS (1)

CÓRDOBA (tem uma cigarra aqui) – Por onde começar? Quando dou de cara com situações muito novas, tenho certa dificuldade para ordenar a enxurrada de informações. É o que está acontecendo aqui em Córdoba, no meu primeiro Mundial de Rali. Começar pelo começo talvez seja um bom começo. O QG da etapa argentina do WRC […]

CÓRDOBA (tem uma cigarra aqui) – Por onde começar? Quando dou de cara com situações muito novas, tenho certa dificuldade para ordenar a enxurrada de informações. É o que está acontecendo aqui em Córdoba, no meu primeiro Mundial de Rali.

Começar pelo começo talvez seja um bom começo.

O QG da etapa argentina do WRC fica na pequena Villa Carlos Paz, a uns 30 km do hotel onde estou hospedado. Eu e a turma de jornalistas que a Pirelli convidou para acompanhar de perto a prova. Falarei deles daqui a pouco.

Meu primeiro susto foi, ao ir buscar a credencial, ver surgir do nada um Focus pelas ruas tranquilas da cidade e, logo depois, outro. Que cazzo é isso?, perguntei, e o Venício Zambeli, da “Racing”, veterano de 18 coberturas de WRC, me deu sua primeira lição.


Os carros de rali são carros de verdade, e isso faz toda a diferença. Por serem carros de verdade, são licenciados, emplacados e devem respeitar as regras de trânsito por onde quer que passem. São multados, se for o caso. Não sei quem paga as multas, porque os caras fazem das suas barbaridades quando precisam ir de um lugar a outro, seja para um treino, seja num deslocamento.

Nas fotos acima, os dois Focus saíam do Parque de Serviço, que vem a ser a área que, em autódromos, equivale aos boxes. É onde todos os carros “dormem” ao final de cada dia de competição.

Competição que tem três dias, sexta, sábado e domingo, mas começa bem antes com os “carros-mulas”, que percorrem o trajeto do rali no início da semana com pilotos “amigos” que passam todas as informações possíveis aos seus pares e, depois, com os próprios competidores no período de “reconhecimento”.

Aí vem o “shakedown” na quinta-feira, que é, na prática, o primeiro dia do rali. Uma espécie de treino livre em circuito escolhido pela organização. E é um grande barato, pois na hora marcada os carros começam a deixar o Parque de Serviço com pilotos e navegadores titulares, caem nas ruas e estradas e vão até o local marcado. E você está lá na estrada sossegado, seguindo a fila para se embrenhar no meio do mato quando, de repente, escuta um ronco meio diferente, olha para o lado e vê… Petter Solberg te ultrapassando com um Subaru Impreza inacreditável!

E é ele mesmo, com o carro que vai correr o rali, pedindo passagem e abrindo caminho para treinar. Como se Alonso saísse do hotel para correr em Interlagos a bordo de seu Renault pela Marginal. Caminhões, carretas, reboques? Coisa de fru-fru. Os caras vão guiando, mesmo, e quem está na frente que dê passagem, porque essa turma não tem muita paciência.

Então você olha para trás, ainda bobo com o Solberg, e do nada surge um Mitsubishi Lancer da N4 (uma categoria abaixo dos fodões da A8, que são apenas 14 entre os 62 inscritos), que também te passa sem muita cerimônia.

E aí você percebe que o rali já começou e é deles, pilotos e navegadores. Mas é de todo mundo, também. Porque, afinal, se ele não te passar não corre.