Blog do Flavio Gomes
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max já era

SÃO PAULO (é a vida) – É como eu disse esta semana… O comportamento íntimo de Max Mosley, revelado pelo “News of the World”, não combina com sua posição. O mundo censura coisas assim, e é normal que o faça — embora sempre seja possível encontrar alguns traços de hipocrisia naqueles que apontam o dedo […]

SÃO PAULO (é a vida) – É como eu disse esta semana… O comportamento íntimo de Max Mosley, revelado pelo “News of the World”, não combina com sua posição. O mundo censura coisas assim, e é normal que o faça — embora sempre seja possível encontrar alguns traços de hipocrisia naqueles que apontam o dedo aos “pervertidos”.

Contra Mosley, há o fato de que além de as imagens serem constrangedoras, a conotação nazi-erótica de sua farrinha enterra qualquer tentativa de defesa baseada na liberdade de se levar chicotadinhas no bumbum sem que o mundo tenha necessariamente de condená-lo.

Ontem, quatro montadoras atacaram Mosley em comunicados oficiais. BMW, Mercedes, Honda e Toyota dispararam seus torpedos moralistas em direção ao presidente da FIA. No fundo, elas estão pouco se lixando se Max usa cinto de couro ou não. O dirigente, nos últimos anos, empenhou-se numa luta aberta contra a influência das fábricas na F-1. Chegou a hora da “vendetta”.

Montadoras não votam na FIA. Mas influenciam seus conselheiros. Mosley convocou uma assembléia geral para, no máximo, 45 dias. Pode até não renunciar, mas um membro apenas que peça o impeachment é o suficiente para desencadear um processo. Seu mandato termina no fim do ano. Talvez seja menos traumático para a entidade deixar que chegue ao final, preparando uma sucessão consensual. Mas Mosley é um defunto, já.

Nunca é demais dizer que a FIA não cuida só de F-1, nem só de corridas. Erroneamente chamada de Federação Internacional de Automobilismo no Brasil (todos chamam, portanto vai ficar assim), ela cuida de tudo que diz respeito a automóveis no planeta. A tradução correta para Federation Internationale de l’Automobile é Federação Internacional do Automóvel, que se encarrega de questões ligadas à segurança de carros e estradas, emissão de poluentes, indústria automotiva, tudo. A F-1 é apenas a ponta mais midiática de seu trabalho.

Assim, com tanta gente contra sua permanência, com tanta gente malhando o Judas, Mosley não tem escapatória. Sua saída é dada como certa, agora ou daqui a alguns meses. O que leva a uma nova discussão: o que será da F-1 em 2009?

É bom lembrar que todas as mudanças de regulamento para os próximos anos foram propostas e bancadas por Mosley. Algumas são polêmicas, como o congelamento dos motores, as restrições aerodinâmicas, o limite de uso de caixas de câmbio, as centralinas padronizadas e os orçamentos controlados. Muita gente é contra quase tudo. Por “gente” entenda-se equipes e montadoras.

É possível que, sem Mosley, mude tudo. Se as fábricas conseguirem emplacar seu sucessor, um fantoche qualquer, a F-1 desenhada por Max para 2009 em diante será outra, completamente diferente.