SÃO PAULO (assim se mata tudo) – Acabo de saber que a próxima etapa da ex-Superclassic, agora “Veículos Históricos”, marcada para sábado, será dividida em duas. O Interlagos Motor Clube, “organizador” da prova (as aspas são necessárias; esses clubes não organizam picas, só arrecadam inscrições e não dão nem recibo), divulgou os horários das corridas e a programação do Paulista em seu site hoje.
Vejam que gracinha. Decidiram pegar os carros da D3 (motores não-originais, onde estão os AP) e colocar para correr com os Speed da antiga Copa Fusca, assassinada alguns anos atrás. E os carros das antigas divisões 1 e 2 (não sei mais como se chamam, é uma sopa de letras e números) correm em grid separado.
Fizeram isso sem avisar ninguém. Parece que por pedido de um ex-piloto cujo papel nesse negócio todo ainda não compreendi, e por isso me dou o direito de não citar seu nome. Por enquanto. Mas tem mais. Diminuíram as corridas de 30 minutos para 20, ou 10 voltas. Ou seja: cortaram 1/3 do tempo de pista! Gostaria de saber se vão reduzir o valor da inscrição em 1/3, também. Claro que não. Para vosso conhecimento, pagamos 710 mangos por prova.
E a FASP nisso tudo? Nada. O site da entidade está fora do ar neste instante. O presidente pediu licença. Pelo que disseram a um de nossos pilotos, a FASP não pode interferir em decisões dos clubes. E pergunto: serve para quê mesmo, a federação?
Eu já não ia correr. Meu carro continua sem motor e não sei quando terá um novo. Mas acho que meus colegas, tanto os da Superclassic quanto os que não são filiados à nossa associação, não deveriam correr. Nunca preguei boicote individualmente. Agora estou pregando. E acho que a blogaiada não deve nem cogitar de ir a Interlagos no fim de semana.
FASP, clubes, CBA… É tudo um lixo dos mais fedidos. O #96, graças a eles, está cada vez mais perto da aposentadoria. Muito, mesmo. E minha idéia de fazer rali está cada vez mais perto de se tornar um objetivo claro e concreto. De Lada. E por que rali, se também essa modalidade é dirigida pela FASP e pela CBA? Porque no rali você se mete no meio do mato e desaparece da vista dessa gente. Sai de manhã e volta de noite. É um alento. Não tem autódromo, torre de controle, boxes. É uma higiene mental. E há ralis fora da alçada oficial, também. Há ligas independentes, provas universitárias, corridas na terra, opções não faltam.
É de emputecer qualquer um. E no meu caso pessoal, é uma frustração enorme. Afinal, dei o pontapé inicial a esta categoria de antigos em 2003 sem ter a menor idéia de que teria, mais dia, menos dia, de lidar com uma corja inominável. Um bando de sanguessugas incompetentes que não têm capacidade para organizar uma corrida de autorama. Estão matando algo que nasceu tão belo e promissor. Baita serviço ao automobilismo…
Ah, e por que você não faz nada?, perguntariam os mais apressados. Já fiz muito. Mas chega uma hora em que enche o saco. Como jornalista, posso fazer pouco mais do que criticar, denunciar, expor a podridão. Como piloto amador, vou até onde minhas poucas horas vagas permitem. E não faço nada sem ter prazer e alegria. Correr sob o controle dessa cambada não me traz nem uma coisa, nem outra. Bye.
Posso correr em outros lugares quando, como e do que quiser, inclusive com o #96, se ele voltar à vida. Mas ficar submisso a essa tranqueira que é o Campeonato Paulista, quintalzinho de meia-dúzia de clubes de fachada, no more. Se a idéia era tirar o pobre DKW de Interlagos, conseguiram.