Blog do Flavio Gomes
Pequim 2008

ELENA, ELENA…

PEQUIM (sem palavras) – Deu algum piripaque no publicador de fotos do blog, e não faz sentido falar sobre Elena Isinbaeva sem poder mostrar seu olhar profundo, suas longas pernas, seus braços esculpidos por algum artista renascentista. Elena, Elena… Acaba de ser eleita a deusa única e indivisível deste blog nos Jogos, depois do espetacular […]

PEQUIM (sem palavras) – Deu algum piripaque no publicador de fotos do blog, e não faz sentido falar sobre Elena Isinbaeva sem poder mostrar seu olhar profundo, suas longas pernas, seus braços esculpidos por algum artista renascentista. Elena, Elena… Acaba de ser eleita a deusa única e indivisível deste blog nos Jogos, depois do espetacular ouro no salto com vara, a saga épica e solitária pelos 5,05 m, recorde mundial que ela, generosa, deu de presente às 90 mil pessoas que estavam no Ninho.

Fiquei perdidamente apaixonado pelos olhos de Elena e pensei em convidá-la para jantar, usando o irresistível argumento de que tenho um Lada e que, por isso, mereço jantar com uma russa famosa e bonita. Só não convidei porque acho que hoje ela estará muito ocupada e porque minha mulher não entenderia nunca esse negócio de Lada, Rússia etc. Confúcio já dizia a seu fiel discípulo Gah-Fang-Yotung: “Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”, e Gah-Fang-Yotung sempre perguntava se tinha de ser Knorr, ou se servia de outra marca.

Assim, acho melhor ir dormir. Amanhã falo mais de Elena — com fotos (como o leitor mais atento notou, o piripaque foi solucionado depois de algum tempo, antes que eu fosse dormir; mas falarei mais de Elena amanhã mesmo assim).

E falarei também do inacreditável caso da vara desaparecida de Fabiana Murer, que saiu irritadíssima do Ninho, dizendo que nunca mais vai competir na China, acusando diretamente os organizadores pelo sumiço de seu equipamento. Fabiana abriu sua série com 4,45 m sem grandes dificuldades, mas acabou parando nos 4,65 m, sem a vara adequada. Queimou os três saltos nessa marca, que é difícil, mas já foi alcançada por ela antes. Só que não existe atleta no mundo que consiga se concentrar para uma prova de tamanha precisão, como é o salto com vara, depois de um problema dessa dimensão.

Morri de pena da Fabiana, doce garota que conheci rapidamente na semana passada num passeio por Pequim, assim que a equipe de atletismo do Brasil chegou à China. Talvez ela não conseguisse uma medalha, já que a prata ficou com uma americana nos 4,80 m e duas russas empataram em terceiro, com 4,75 m — marcas que Fabiana atingiu poucas vezes. Mas não importa, ela teria de ter ao menos o direito de tentar, e o sumiço da vara acabou com sua Olimpíada.

É um caso que terá de ser desvendado, primeiro, e explicado, depois.