Um pouquinho de estatísticas, antes de fazer odes a estas moças, lindas moças, que tudo merecem de bom. A melhor Olimpíada feminina para o Brasil tinha sido a de Atlanta, em 1996: um ouro (vôlei de praia), duas pratas (vôlei de praia e basquete) e um bronze (vôlei). Até hoje, aqui, eram um ouro (Maurren Maggi no salto em distância), uma prata (das meninas do futebol) e dois bronzes (um no judô, de Ketleyn Quadros, e outro no iatismo, classe 470, de Fernanda Oliveira e Isabel Swan).
A estas quatro medalhas juntaram-se hoje as do taekwondo de Natália e a incrível conquista do vôlei, que fechou o torneio derrotando os EUA por 3 a 1 na final. As meninas dirigidas por José Roberto Guimarães perderam apenas um set durante todos os Jogos. Zé Roberto, figura discreta e tranquila, autor de façanha rara: bicampeão olímpico, com o time masculino em Barcelona/1992 e com as garotas agora. Palmas para ele.
E para todas elas. Até os Jogos de Atenas, as mulheres tinham conquistado apenas dez das 76 medalhas que foram parar em peitos brasileiros na história olímpica. A primeira demorou muito, só veio em 1996, e foram quatro no total daquela Olimpíada. Em 2000, Sydney, mais quatro. Na Grécia, duas.
Não é preciso dizer que as mulheres, como sempre, estão mostrando que são melhores que os homens. OK, a superioridade numérica ainda é masculina, mas é preciso colocá-la em perspectiva. O Brasil disputa os Jogos desde 1920, em Antuérpia. A primeira delegação a levar uma mulher, uma só, foi a de 1932, em Los Angeles. Até 1976, em Montreal, pode-se dizer que as participações femininas eram praticamente nulas. Houve Jogos em que apenas uma menina representou o Brasil, como em Melbourne (1956), Roma (1960) e Tóquio (1964).
Foi em Los Angeles/1984 que, pela primeira vez, as mocinhas passaram das duas dezenas entre os marmanjos brasileiros: 22. E aí o número foi crescendo: 35 em Seul/1988, 51 em Barcelona/1992, 66 em Atlanta/1996, 94 em Sydney/2000 e 122 em Atenas/2004. Aqui, 127.
Elas vão dominar o mundo.
Não vejo a hora.