Blog do Flavio Gomes
Brasil

FIM DA LINHA

GUARUJÁ (e ninguém faz nada) – Minha primeira TV foi uma Telefunken. Minha segunda, uma Gradiente. De 14 polegadas, para colocar no quarto. Por que fui me lembrar da Gradiente na véspera do Réveillon? Porque aquela TV pequenininha de 14 polegadas, que eu nem sabia onde estava, apareceu aqui e está guardadinha num armário há […]

GUARUJÁ (e ninguém faz nada) – Minha primeira TV foi uma Telefunken. Minha segunda, uma Gradiente. De 14 polegadas, para colocar no quarto. Por que fui me lembrar da Gradiente na véspera do Réveillon? Porque aquela TV pequenininha de 14 polegadas, que eu nem sabia onde estava, apareceu aqui e está guardadinha num armário há não sei quantos anos. Intacta e impecável, imune à maresia. Funcionando que é uma beleza. Tem, por baixo, 15 anos. Modelo “Next”. Discreta e com linhas modernas e interessantes, a caixa externa de excelente material, as cores vivas e brilhantes, o som perfeito e cristalino.

Minha TV grandona também é Gradiente. Comprei há uns dois anos, dessas fininhas. Meu primeiro aparelho de celular da operadora que uso hoje foi um Gradiente. O tocador de DVD do escritório é Gradiente. Na hora de comprar essas coisas, sempre dei preferência aos produtos nacionais. Entre um Sony, um Panasonic, um Philips, um JVC ou um Samsung, sempre fui na Gradiente.

E a Gradiente sempre foi ótima. Nos celulares, tinha uma parceria com a Nokia — era para estar, hoje, arrebentando a boca do balão. Na época das festinhas de garagem, sonzão Gradiente era o máximo. Uma picape Garrard de madeira com a tampa fumê era objeto de desejo de 10 entre 10 adolescentes. Assim como os amplificadores e mixers Polyvox ou Quasar.

Dia desses vi na TV que as lojas já não estavam mais dando garantia nos produtos Gradiente, porque a fábrica não respondia mais por eles. Esqueci o assunto. Semana passada, notei que o controle remoto da minha TV grandona não funciona mais direito e anotei na agenda para 2009 “arrumar o controle remoto”. Aí chego aqui e vejo minha antiga Gradiente de 14 polegadas. Um tapinha no Google e eis que descubro que a Gradiente, aparentemente, faliu. Este artigo da “Exame” foi a coisa mais recente que encontrei.

De fato, antes do Natal fui a uma loja dessas para comprar não sei o quê e notei que não havia mais nada da Gradiente. Seu site continua no ar. Mas é, como tantos, mais um sítio arqueológico da web. Os e-mails voltam. A loja virtual não funciona. A Gradiente não existe mais. Para além dos problemas que uma desaparecimento desses ocasiona aos consumidores, e à parte as cagadas que seu dono deve ter feito, é mais uma derrota do Brasil. Outra Gurgel.