Blog do Flavio Gomes
Grande Prêmio

GRANDE RAUL, PARTE 2

SÃO PAULO (acordei tarde) – Bom dia, macacada. A segunda parte da Grande Entrevista com Raul Boesel está no ar, no trabalho de Marcus Lellis. Estão cada vez melhores essas entrevistas… A próxima, pelo que sei (os caras do site nunca me contam nada), será com o Roberto Moreno. Promete. Nessa segunda parte, Raul fala […]

SÃO PAULO (acordei tarde) – Bom dia, macacada. A segunda parte da Grande Entrevista com Raul Boesel está no ar, no trabalho de Marcus Lellis. Estão cada vez melhores essas entrevistas… A próxima, pelo que sei (os caras do site nunca me contam nada), será com o Roberto Moreno. Promete.

Nessa segunda parte, Raul fala com enorme sinceridade da Indy, da Jaguar, da Stock, da decisão de parar. Bacana demais, e com ilustração do Marcel Marchesi, além de ótimas fotos.

Aliás, sobre o Raul, tenho duas passagens interessantes. Uma delas, quando me chamaram para fazer um daqueles pequenos guias que são distribuídos na porta do autódromo, com perfis de pilotos e equipes, estatísticas, essas coisas. Era a primeira prova do Rio, em 1996, se não estou enganado — e estou com preguiça de pesquisar.

Eu precisava escrever uma ou duas linhas sobre cada piloto, era o que cabia naquele pequeno “pocket book”. Coisas assim: “Christian Fittipaldi – Estreou no ano passado, conseguiu alguns bons resultados, mas ainda precisa se adaptar aos ovais”. Quando chegou a vez do Boesel, mandei algo do tipo: “Raul Boesel – Está em sua 12ª temporada na categoria, disputou 300 corridas e não ganhou nenhuma. Um currículo indefensável”.

Uma grosseria, sem dúvida, mas eu escreveria isso de qualquer outro, de qualquer nacionalidade. Não era por ser brasileiro que iria pegar leve. Se dissesse isso, sei lá, de Scott Goodyear, todos iriam achar engraçadinho. Só sei que o assessor de imprensa da Brahma Sports Team, nome que a Green assumiu naquele ano, patrocinada pela cerveja brasileira, leu aquele negócio e disse numa mesa de restaurante, a colegas, que se me encontrasse pela frente me dava um tiro na cara!

O Raul, mesmo, nunca reclamou. Nem deve ter lido. Mas foi uma grosseria, admito, embora não grande o suficiente para que eu merecesse uma bala na testa. De qualquer forma, nem o assessor reclamou comigo diretamente, foi só uma explosão de raiva, e somos bons amigos.

A outra passagem ocorreu no fim do ano anterior, creio. Teve a ver com a mesma Brahma Sports Team. A cervejaria estava investindo pesado na Indy, os caras praticamente compraram a Green e a agência de publicidade encarregada daquele projeto enorme decidiu fazer uma apresentação em Jacarepaguá. Aí me pagaram uns caraminguás para ser o mestre de cerimônias da bagaça, e fazer a tradução das entrevistas coletivas. Pegaram um carro da Indy, decoraram como uma garrafa de cerveja (a pintura, diga-se, era maravilhosa), levaram para a pista, montaram uma tenda, chamaram a imprensa e lá vou eu para o microfone.

Tudo corria às mil maravilhas até que o dono da agência, Eduardo Fischer, um dos maiores publicitários do Brasil, diga-se, explicou que o Boesel tinha sido o escolhido para guiar o carro depois de uma vasta pesquisa de mercado que tinha chegado à conclusão de que ele era o piloto mais popular do Brasil depois de Ayrton Senna, que tinha morrido dois anos antes. Putz, eu não tive coragem de contar aquela mentira em inglês para os jornalistas gringos, e quando cheguei nesse ponto da tradução comecei a rir, e o Fischer ficou meio puto.

Mas faz parte, publicitários são meio cascateiros, mesmo. Além do mais, nunca tive nada contra Boesel, nem contra piloto algum, e acho a trajetória do Raul, no fundo, espetacular. Afinal, o cara passou pelas maiores categorias do mundo, correu em Indianápolis e Le Mans, foi campeão de Jaguar, esteve na F-1… É um dos grandes nomes do automobilismo brasileiro, sem dúvida. E, com grande justiça, dá nome ao autódromo de Curitiba, onde nasceu.

Todos adoramos você, Raul! Eu só não gosto de música eletrônica…