À noite, numa escura estrada gaúcha, o ônibus do Brasil de Pelotas despenca numa ribanceira. O time, pequeno e bravo esquadrão dos pampas, o glorioso Xavante, perde seu maior ídolo, o uruguaio Claudio Milar, 34 anos, 208 jogos com a camisa rubronegra; o zagueiro Régis; e o preparador de goleiros Giovani Guimarães. Milar será enterrado hoje no Chuy, onde nasceu. Lá, no fim (ou seria começo?) do Brasil.
Estive por lá no fim de semana. Chuy, Chuí e Pelotas. Quando vi a notícia hoje cedo, não entendi direito. Como, naquelas estradas retilíneas, cercadas de planícies por todos os lados, gado e arroz? Onde, uma ribanceira?
Pois havia, em outra estrada, chegando a Pelotas.
Eu comprei duas camisetas do Brasil de Pelotas para os meninos, domingo. Comprei camisetas do ABC em Natal, também. Sempre que a gente compra camisetas desses times menos famosos, se torna um pouquinho torcedor deles. Futebol é assim, a gente sempre reserva um pedacinho do coração a um time ou outro quando vibra com uma vitória contra um grandão, ou admira um jogador que gostaria de ver jogando no seu.
Sentimentos juvenis à parte, o que aconteceu com o Brasil é uma tristeza sem tamanho. O clube cogita até não jogar o Gauchão. Deve jogar, sim. A história do Xavante é linda e seguirá sendo.