Blog do Flavio Gomes
Imprensa

O MAU EXEMPLO DA GM

SÃO PAULO (coisa feia) – Em 22 de novembro do ano passado, Fabrício Samahá, editor do excelente BestCars, escreveu um editorial comentando a defasagem tecnológica dos carros da GM no Brasil. O texto, ótimo como sempre, está aqui. Fabrício, a quem não conheço pessoalmente (trocamos alguns e-mails anos atrás porque alguns carros meus apareceram no seu […]

SÃO PAULO (coisa feia) – Em 22 de novembro do ano passado, Fabrício Samahá, editor do excelente BestCars, escreveu um editorial comentando a defasagem tecnológica dos carros da GM no Brasil. O texto, ótimo como sempre, está aqui.

Fabrício, a quem não conheço pessoalmente (trocamos alguns e-mails anos atrás porque alguns carros meus apareceram no seu site, e foi só), mantém o BestCars no ar há mais de dez anos e sua página é uma referência em automóveis. Os textos são precisos e preciosos, repletos de informação sem embromação, com preocupação técnica e histórica. A área que mais acesso, “Carros do Passado”, é pródiga em relatos muito bem escritos e aprofundados na medida certa para quem quer conhecer um pouco da trajetória de modelos nacionais e estrangeiros.

Bem, eu dizia que ele escreveu um editorial descendo a ripa na GM, com classe e argumentação, e talvez por conta dele o BestCars não foi chamado para o último lançamento da Captiva (estou procurando a nota em que é dada essa informação, mas não encontro — se alguém achar, mande o link).

Os convites das montadoras a órgãos de imprensa para lançamentos e testes de carros são comuns no mundo inteiro. É prática que não me agrada muito, mas já faz parte das verbas de marketing das empresas e da rotina das publicações. Nunca participei de nenhum, mas já fiz viagens semelhantes para eventos esportivos, o que dá na mesma. Claro que ao convidar um jornalista para assistir ao lançamento de um carro, sei lá, em Atenas, pagando tudo do bom e do melhor, a montadora acredita que contará com a simpatia do escriba na avaliação de seus produtos. Nem sempre isso acontece, porém. Depende, sempre, da idoneidade e do sentido ético de cada um.

A fábrica tem de entender isso. Deixar de chamar determinado veículo de mídia por pura retaliação mostra que o tal sentido ético e a idoneidade têm de ser exercidos nas duas mãos. Caso contrário, seria mais honesto, ao emitir o convite, explicitar que críticas ao carro/evento não serão permitidas — o que é ridículo.

Bem, foi o que a GM fez com o BestCars, aparentemente. A resposta dada pela montadora (que sempre chamou o site para seus eventos, até o tal editorial) foi algo na linha “a gente convida quem quer, seguindo critérios próprios”. OK, tem todo o direito. Mas não é uma boa explicação. Muito menos quando dada poucas semanas depois de um artigo crítico à empresa.

Quanto aos convites, bem faz a “Quatro Rodas” que, até onde eu sei, não os aceita mais. É uma forma bem clara de manter a independência editorial. Mas não sejamos ingênuos. Pouquíssimas revistas, jornais, programas de TV e sites têm verba suficiente para enviar seus jornalistas à Europa, África, EUA, Ásia ou resorts de luxo brasileiros para acompanhar lançamentos de carros. Se a prática dos convites é um fato, é preciso que se diga que ela nasceu das montadoras, não dos jornalistas. Se a GM apresentasse seus carros em São Caetano do Sul, não precisaria pagar nada para jornalista algum. Era só comunicar o dia e a hora, que todos iriam. O táxi ficaria por conta de quem fosse.

Com a palavra, agora, a General Motors.