Blog do Flavio Gomes
Nas asas

AF 447

SÃO PAULO – Eu não entendo nada de aviação, sou só um curioso. Portanto, jamais esperem de mim especulações sobre causas de acidentes como o do AF 447. Há várias teorias, muita gente estudando e investigando, fala-se sobre a possibilidade de um colapso estrutural, sobre a quebra do limitador do leme, sobre um defeito nos […]

SÃO PAULO – Eu não entendo nada de aviação, sou só um curioso. Portanto, jamais esperem de mim especulações sobre causas de acidentes como o do AF 447. Há várias teorias, muita gente estudando e investigando, fala-se sobre a possibilidade de um colapso estrutural, sobre a quebra do limitador do leme, sobre um defeito nos sensores de velocidade etc.

Desde o início, porém, parece claro que um dos elementos dessa sequência de eventos que resultou na queda, ou na desintegração da aeronave em voo, foi o mau tempo. Todas as informações levam a crer que o Airbus da Air France caiu/desintegrou-se quando estava no meio de uma baita tempestade.

As tempestades, e sua intensidade, são hoje facilmente detectáveis por satélites. A meteorologia é uma das ciências mais desenvolvidas que temos, e uma das que dispõem de mais dados para que se aproxime do que se chama de ciência exata. Tufões, ciclones, temporais, secas, nevascas, tudo hoje pode ser previsto com boa dose de precisão. E, neste caso, não estamos falando de previsões, e sim de observação. O planeta dispõe, hoje, de meios para localizar fenômenos meteorológicos no momento em que eles estão ocorrendo. Tudo em tempo real.

Por isso que sempre fico meio abobalhado quando vejo como a aviação enfrenta as intempéries como se suas máquinas voadoras fossem indestrutíveis. Não são.

É impossível simular, em terra, a ação real de uma tempestade sobre um avião. Procura-se fazer isso com o uso de modelos matemáticos, simulando com potentes computadores a tolerância e a resistência dos materiais empregados na construção das aeronaves.

Dada a raridade de acidentes como o do AF 447, pode-se concluir que essas simulações são bastante eficientes. Mas não 100%. Daí concluo que a engenharia aeronáutica é um pouco presunçosa, porque são igualmente raros os casos de voos que alteram suas rotas para fugir de tempestades que são vistas à sua frente. Em geral, e falo isso porque sempre voei muito e me interessei pelo assunto, os pilotos encaram o mau tempo sem medo de perder. Desafiam a natureza. Confiam no equipamento que têm à mão.

Pensei bastante nisso depois da queda/colapso do Airbus da Air France, mas não falei nada para não passar por ignorante, porque sou leigo e não me sinto preparado para dar palpites sobre algo que foge à minha plena compreensão. Mas hoje o blogueiro Marcelo Ferreira me mandou esta notinha aqui, com o Niki Lauda falando sobre o acidente. O austríaco, como se sabe, é dono de companhia aérea e de vez em quando pilota, ele mesmo, seus aviões. Resumidamente, ele diz que o piloto poderia ter desviado da tempestade e a queda/colapso talvez pudesse ser evitada.

É mais ou menos o que penso. Uma opinião que, quando vem de alguém como Lauda, passa a fazer sentido. Temos muitos blogueiros aqui que gostam de aviação e entendem muito mais disso do que eu. Espero seus comentários. É sempre bom aprender.