Blog do Flavio Gomes
Arquitetura & urbanismo

O FIM DO FUTURO

SÃO PAULO (tudo acabando) – Excelente o artigo que o Ricardo Divila mandou, do “NY Times”. Está aqui, para quem quiser ler o original em inglês. O autor é Nicolai Ouroussoff. Trata da possível demolição de um dos maiores símbolos do renascimento do Japão, de sua incrível transição de país rural para potência industrial e […]

SÃO PAULO (tudo acabando) – Excelente o artigo que o Ricardo Divila mandou, do “NY Times”. Está aqui, para quem quiser ler o original em inglês. O autor é Nicolai Ouroussoff. Trata da possível demolição de um dos maiores símbolos do renascimento do Japão, de sua incrível transição de país rural para potência industrial e tecnológica no pós-Guerra: a Nakagin Capsule Tower, em Tóquio.

Acho que todo mundo já ouviu falar desse prédio, formado por 140 blocos de concreto, cápsulas, que representavam o que os japoneses achavam que poderiam ser as moradias do futuro. Ele foi inaugurado em 1972 e é uma criação de Kisho Kurokawa, que morreu há dois anos e foi um dos fundadores de um movimento chamado de “Japanese Metabolism”.

Esses blocos eram fabricados individualmente, com todos os acessórios (um painel com TV, fogão e toca-fitas de rolo de um lado; um banheirinho tipo de avião do outro; uma cama no meio), e “plugado” numa estrutura fixa que continha escadas, elevadores e instalações elétricas e hidráulicas. A Capsule Tower traduzia um mundo em constante mutação, permitindo que mais módulos fossem colocados a qualquer momento, e outros retirados, numa interessante visão futurista das grandes metrópoles.

Dois anos atrás, seus moradores votaram pela demolição do prédio e pela construção de algo mais moderno e espaçoso. Estão atrás de quem financie ambos. É um marco da arquitetura moderna, sem dúvida. Mas ninguém se interessa em restaurá-lo. O autor do artigo conta que está tudo caindo aos pedaços, com infiltrações, vazamentos, mau cheiro, estrutura de concreto comprometida.

O metabolismo cessou.