Blog do Flavio Gomes
Stock Car

MUITO RUIM

SÃO PAULO (que melhorem) – Como corrida, prova de uma modalidade esportiva, a Estoque foi um fiasco hoje em Salvador. Como evento, para algumas pessoas verem carros coloridos em alta velocidade onde normalmente só se anda a 60 km/h, e para outras nos camarotes que encontraram amigos, almoçaram de graça e ganharam camisetas e bonés, […]

SÃO PAULO (que melhorem) – Como corrida, prova de uma modalidade esportiva, a Estoque foi um fiasco hoje em Salvador. Como evento, para algumas pessoas verem carros coloridos em alta velocidade onde normalmente só se anda a 60 km/h, e para outras nos camarotes que encontraram amigos, almoçaram de graça e ganharam camisetas e bonés, deve ter sido um sucesso.

Mas isso não basta. Fazer uma corrida de rua é algo louvável e difícil. Mas fazer o que fizeram em Salvador não tem dificuldade alguma. Ainda mais com o dinheiro dos outros. É só cercar uma área, levantar umas arquibancadas tubulares e tendas como as do carnaval, vender ingressos e esperar acabar, torcendo para não acontecer nada de grave. Difícil é fazer um evento que seja legal em tudo e, principalmente, que tenha alguma relevância esportiva.

Como competição, a corrida de Salvador não existiu. A pista não tinha pontos de ultrapassagem, foi uma verdadeira procissão, como os pilotos mesmos previam, e numa das retas só faltou colocar o sinal de proibido ultrapassar — porque era proibido, mesmo.

Na TV oficial, foi tudo lindo. Incrível como ninguém critica o que tem de ser criticado. Pista ruim, corrida ruim, espetáculo ruim. Mas foi tudo bom. Cada vez mais, jornalismo zero, tudo pela promoção. É isso que a Globo faz, promove eventos pseudoesportivos, vende-os ao mercado e ao público como se fossem o máximo, o mercado finge que são e compra, o público não entende nada e segue o bonde.

Na pista, vitória de Cacá Bueno, graças às quebras de Thiago Camilo e Ricardo Maurício. Ele era o seguinte na fila. Foi sua primeira vitória no ano, o que o levou a disparar na classificação. E mais nada. Os pilotos da categoria, normalmente muito agressivos em autódromos, se comportaram. Talvez orientados pela direção de prova, talvez até voluntariamente, percebendo os riscos iminentes de batidas em qualquer tentativa de algo diferente.

Que fique para a Estoque a lição. Fazer corrida de rua não é só cercar um trecho de asfalto com muros e grades e distribuir empadinhas. É preciso pensar um circuito tecnicamente, prever pontos de ultrapassagem, simular velocidades e freadas, fazer obras, até, se for necessário. Gastar dinheiro e fosfato. Desse jeito, qualquer um faz, em qualquer lugar. E cobrar ingresso para ver um espetáculo tão ruim é quase sacanagem.