Blog do Flavio Gomes
Brasil

NO CARRO PODE?

SÃO PAULO (ridículo) – O Estado de São Paulo deixou de fumar ontem, na cabeça do governador que quer ser presidente. Uma lei fascista, autoritária e sem pé nem cabeça estabeleceu que não se pode fumar em lugar algum que tenha uma parede ou algo sobre a cabeça. Isso inclui todos os bares, restaurantes e […]

SÃO PAULO (ridículo) – O Estado de São Paulo deixou de fumar ontem, na cabeça do governador que quer ser presidente. Uma lei fascista, autoritária e sem pé nem cabeça estabeleceu que não se pode fumar em lugar algum que tenha uma parede ou algo sobre a cabeça. Isso inclui todos os bares, restaurantes e casas noturnas, que vinham funcionando perfeitamente bem com suas áreas de fumantes e não-fumantes.

A lei é desnecessária em todos os sentidos. Primeiro, porque existe lei federal sobre o assunto. O estardalhaço feito pelo governador, com amplo apoio da mídia que não tem mais o que dizer, não passa de demagogia barata. Depois, porque em locais de trabalho, comércio e estudo, fechados, ninguém mais fuma, mesmo — sem que uma lei precise ser editada, por puro bom-senso.

A questão toda se resume à liberdade das pessoas. Se o cigarro é droga legal, vetar seu consumo de maneira arbitrária não passa disso: arbitrariedade. Proibir as pessoas de fumarem num botequim é fácil. Queria ver o governador proibir a venda de cigarros. Jamais. É algo que gera caminhões de impostos. Governo algum abre mão disso.

Seria muito mais honesto da parte de nosso governador que quer ser presidente e que vai usar sua cruzada antifumo na campanha eleitoral taxar absurdamente o cigarro e aumentar seu preço, por exemplo. Aí sim o consumo em geral cairia, e muito — isso, sim, seria tratar a questão como de saúde pública, e não apenas como pirotecnia eleitoreira. E permitir que bares, restaurantes e casas noturnas decidissem como lidar com a questão. Por que não facultar aos proprietários a categoria em que suas casas vão se inserir? Se o sujeito acha que deve, que faça de seu bar um espaço não-fumante. Vai quem não fuma. O outro, se preferir, que estabeleça que sua casa tem área para fumantes e não-fumantes. Outro, ainda, pode liberar geral. E que se deixe ao consumidor a escolha de onde ir.

Mas não, o governador que quer ser presidente dá uma canetada e, de um dia para o outro, muda os hábitos da cidade. Enquanto isso, lá no Centro, na Cracolândia, crianças, adolescentes e adultos continuam se acabando na pedra. Isso não se resolve na canetada. Demanda esforço, trabalho, atenção.

Eu acho simplesmente o fim do mundo político qualquer se preocupar com o cigarro num bar enquanto tem gente morrendo na droga como se fossem moscas. É demagogia pura, para aparecer na “Veja” e no “Fantástico”, com o discurso de sempre que “o Estado gasta não sei quanto com doenças pulmonares” e que “é assim no Primeiro Mundo” e que “ninguém é obrigado a respirar a fumaça dos outros”.

Claro que não é. É só procurar lugares exclusivamente para não-fumantes. Que jamais irão existir. Só mesmo se a lei obrigar.

Eu, se tivesse um bar, estaria bem zangado com o governador que quer ser presidente. Porque além de tudo, a lei daqui prevê que se alguém fumar no bar, cometendo o “crime”, o multado será… o dono do bar! Dá para acreditar nisso?

São Paulo é uma coisa, mesmo…

Ah, a foto é de um piloto da Nascar em 1967. Juro que não sei quem é. Mas, pela lei, ele não pode ser multado. Respondendo à pergunta do título, no carro pode.